O Google está tão determinado em saber a localização dos utilizadores que faz o seu registro mesmo que eles manifestem de forma explícita sua oposição à prática, noticiou nesta terça-feira (14) a agência AP.
Uma investigação da agência de notícias norte-americana concluiu que muitos serviços do Google em aparelhos Android e iPhones guardam a informação sobre a localização dos utilizadores, incluindo nos casos em que eles usaram um recurso que supostamente proporcionaria privacidade e impediria o Google de fazer o registro.
Pesquisadores em ciências da computação na Universidade de Princeton confirmaram a conclusão a pedido da AP. Na maior parte dos casos, o Google solicita permissão para usar a informação da localização do utilizador.
Um aplicativo como o Google Maps vai recordar o utilizador para que autorize o acesso se usar o app para navegação. Se autorizar o registro da localização ao longo do tempo, o Google Maps vai exibir essa história em uma ‘linha do tempo’ que mapeia seus movimentos diários.
Armazenar suas movimentações minuto a minuto acarreta riscos de privacidade e tem sido usado pela polícia para determinar a localização de suspeitos. Mas a empresa permite que a localização seja interrompida através de uma pausa na Location History.
O Google assegurou que isso vai impedi-la de saber onde o utilizador esteve. Na página de apoio do Google é declarado: “você pode desligar a Location History a qualquer momento. Com a Location History desligada, os locais onde você for não são guardados”.
“Isso não é verdade“, garantiu a AP. Mesmo com a Location History suspensa, alguns aplicativos do Google guardam automaticamente os dados da localização, e respectivo horário, sem perguntar.
Por exemplo, o Google guarda a localização do utilizador mesmo quando ele apenas abre o Maps. As atualizações diárias automáticas da meteorologia dão uma indicação aproximada da localização do utilizador.
E até algumas pesquisas que não têm nada a ver com a localização, como ‘bolos com pedaços de chocolate’ ou ‘kit de ciência para crianças’, revelam com exatidão a latitude e longitude do utilizador, com uma precisão ao nível do metro quadrado, e as guardam.
A questão da privacidade afeta cerca de 2 milhões de utilizadores de aparelhos Android e centenas de milhões de utilizadores do iPhone, que dependem do Google para mapas ou pesquisas.
Armazenar a informação sobre localização em violação das opções do utilizador é errado, afirmou Jonathan Mayer, cientista da computação na Universidade de Princeton e ex-chefe de tecnologia na autoridade reguladora do setor, a Comissão Federal de Comunicações.
Um pesquisador do laboratório dirigido por Mayer confirmou os resultados da pesquisa da AP em vários aparelhos Android. A AP fez seus próprios testes em vários iPhones, que tiveram o mesmo resultado.
Ciberia, Lusa // ZAP