O aplicativo de encontros para homossexuais Grindr se defendeu depois de protestos devido ao compartilhamento de dados dos utilizadores com duas empresas externas.
Entre outras coisas, nesta segunda-feira (2) os utilizadores do aplicativo ficaram sabendo que a plataforma tinha repassado informação sobre o status dos utilizadores com relação ao HIV, incluindo a data do último teste, revela a BBC.
Desde 2009, data em que surgiu, o Grindr tem lutado publicamente pela promoção de relações homossexuais saudáveis, promovendo campanhas de prevenção contra o HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis.
O Grindr, que conta com 3,6 milhões de utilizadores em todo o mundo, se defendeu das acusações argumentando que os dados teriam sido compartilhados de acordo com práticas industriais padrão, e que o app tinha sido injustamente acusado. Além disso, acrescentou o Grindr, a informação não teria sido passada a empresas publicitárias.
As companhias que receberam a informação – a Apptimize e a Localytics – são pagas para monitorar a forma como os utilizadores interagem com o software de forma a entender o que pode ser melhorado.
A informação mais sensível teria sido criptografada, revelou o Grindr, apesar de um grupo de campanha da Noruega ter dito que o compartilhamento de outros dados não criptografados pode incorrer numa potencial invasão de privacidade.
“O HIV está ligado a todas as outras informações. É esse o principal problema”, disse Antoine Pultier da Fundação para Pesquisa Científica e Industrial (SINTEF) em entrevista ao BuzzFeed e autor da denúncia. “Chamo isso de incompetência de alguns criadores que enviam tudo, incluindo informação sobre o HIV”.
No entanto, o chefe do Departamento de Segurança da Grindr, Bryce Case, disse ser comum o compartilhamento de dados dos utilizadores com terceiros, tendo em vista o objetivo de melhorar o app. “Entendo que o ciclo noticioso no momento esteja muito focado nesses assuntos. Mas o que acontece com o Grindr é injusto”, afirmou.
De momento, o Grindr já teria parado o compartilhamento de informações sensíveis sobre seus utilizadores com a Apptimize e está em processo de encerrar a relação com a Localytics.
Aos utilizadores do Grindr é dada a opção de compartilhar o status de HIV no perfil, assim como a data do último teste realizado – uma opção apoiada, segundo a empresa, por grupos LGBT e organizações internacionais de saúde.
A informação é disponibilizada para potenciais pretendentes no aplicativo e pode também servir para ativar outros recursos, como lembretes para a data do próximo teste e locais onde podem realizá-lo.
“Cabe a cada utilizador determinar o que compartilhar no perfil”, disse o Grindr em comunicado. E acrescentou: “O Grindr nunca, jamais, vendeu ou venderá informações de utilizadores pessoalmente identificáveis – especialmente informações sobre o status de HIV ou a data do último teste – para terceiros ou anunciantes”.
Ciberia // ZAP