O Facebook admitiu, nesta quarta-feira (6), ter passado dados de utilizadores com quatro empresas chinesas, incluindo o grupo de telecomunicações Huawei, que Washington considera uma ameaça à segurança nacional, agravando a pressão sobre a política de privacidade da empresa.
Os fabricantes chineses Huawei, Lenovo, OPPO e TCL estão entre as empresas com quem o Facebook compartilhou dados, de forma “controlada”, admitiu em comunicado o vice-presidente do grupo, Francisco Varela.
O compartilhamento fazia parte de um acordo entre o Facebook e os fabricantes para facilitar o acesso dos utilizadores aos serviços da rede social.
A nota surge depois de uma investigação do New York Times ter revelado que o Facebook estabeleceu acordos com 60 fabricantes de dispositivos móveis, que tiveram acesso, sem consentimento explícito, a vários dados pessoais dos utilizadores, como religião, tendências políticas, amigos, eventos e estado civil.
A Huawei esteve sob investigação pelo Congresso dos Estados Unidos que, em relatório de 2012, considerou que a empresa tem uma relação próxima com o Partido Comunista chinês.
Agências governamentais e o Exército norte-americano baniram recentemente celulares fabricados pela Huawei e ZTE, devido a questões de segurança. “Queremos deixar claro que toda a informação compartilhada com a Huawei foi armazenada nos dispositivos e não nos servidores do Huawei“, afirmou Varela.
O governo chinês já pediu aos EUA que facilitem “um ambiente justo e transparente para que as empresas chinesas operem e invistam”, em resposta à denúncia.
A porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, disse em coletiva de imprensa que o ministério não comenta o caso, por se tratar de “cooperação entre empresas privadas”, mas insistiu na necessidade de os EUA tratarem de forma justa e transparente as empresas chinesas.
Em abril passado, Zuckerberg esteve no Congresso para testemunhar no caso que envolve a empresa Cambridge Analytica, que usou, indevidamente, dados de 87 milhões de utilizadores do Facebook. Em maio, o CEO foi ouvido no Parlamento Europeu e pediu desculpas pelo uso indevido de dados pessoais dos utilizadores.
Ciberia, Lusa // ZAP