Quase como do dia para a noite, seis fenômenos ciclônicos aparecerem no hemisfério norte. Só no Atlântico existem três e no Pacífico há um supertufão com ventos de quase 300 quilômetros por hora.
No auge da temporada anual dos furacões, já são seis os furacões e tempestades que atacam os trópicos. Apesar de o furacão Florence ser o centro das atenções no Atlântico, o supertufão Mangkhut é, neste momento, o ciclone mais intenso do mundo, com ventos que atingem os 274 quilômetros por hora.
Além destes dois fenômenos, existem ainda outros quatro furacões que fazem os cientistas se questionarem sobre o porquê deste aumento de atividade. Há evidências substanciais que marcam as mudanças climáticas como sendo um dos culpados.
Ironicamente, é necessário ventos calmos para produzir um furacão e a existência de ventos fortes impede o crescimento e desenvolvimento deles. Como a quantidade de cisalhamento – um tipo de tensão tangencial gerado por forças aplicadas em sentidos opostos – atingiu seu mínimo sazonal, as tempestades cresceram exponencialmente.
Um dos fatores que também tem influência na criação destas tempestades, é a instabilidade do ar. Esta instabilidade funciona como catalisador dos furacões – é a lenha em uma fogueira. Na semana passada, estes valores atingiam valores abaixo da média até que tudo mudou e, sem razão aparente, os valores foram subindo.
O furacão Florence, que chegou a ser de categoria 4 na escala de Saffir-Simpson, foi o primeiro furacão com uma categoria tão alta observado tão a nordeste. Neste momento, encontra-se em direção aos Estados Unidos.
Contudo, esse furacão não é único a agitar o Atlântico. A oeste de Cabo Verde, o furacão Helena produz ventos de cerca de 144 quilômetros por hora. Marcado como um furacão de categoria 1 e apesar de as imagens de satélite serem assustadoras, parece provável que o furacão permaneça em oceano aberto e se extingue, propiciando apenas a queda de chuvas fortes na Europa.
E não, os ventos no Atlântico não param por aqui. Isaac, uma tempestade com ventos na ordem dos 96 quilômetros por hora, está no Caribe e irá atacar as ilhas Antilhas Menores antes de passar no sul de Cuba e de Porto Rico.
Uma onda adicional de baixa pressão, a várias centenas de quilômetros a sudoeste dos Açores, também poderá desenvolver características tropicais ou subtropicais nos próximos dias, contudo, não parece ser uma ameaça.
Do outro lado, no Pacífico, o supertufão Mangkhut produz ventos de 274 quilômetros por hora e ondas gigantes a cerca de 322 quilômetros a oeste da costa Guam. Espera-se que o supertufão atinja o norte das Filipinas com a força equivalente a um furacão de categoria 5.
Mas na zona asiática, o supertufão também não está sozinho. A tempestade tropical Barijat irá passar no sul de Hong Kong. A cidade onde vivem 7 milhões de pessoas também terá um encontro com o Mangkhut que, a essa altura, já terá uma classificação de categoria 1, de baixo nível.
O arquipélago do Havaí, conhecido pelo bom tempo, também terá sua luta com as ameaças no Pacífico. Olivia, a tempestade tropical, atinge o Havaí com chuvas intensas e inundações que chegam aos 38 centímetros.
Há cerca de duas semanas, com a ajuda do furacão Lane, o Havaí estabeleceu um recorde na precipitação com 132,1 centímetros de chuva registrados. Mais uma vez debaixo de fortes chuvas, é esperado que as mudanças climáticas possam favorecer a criação de tempestades no paraíso tropical.
Combinando as seis tempestades que atingem os vários pontos do globo, verifica-se um aumento substancial na intensidade, periodicidade e quantidade de tempestades.
A Energia Ciclônica Acumulada (ECA) é a métrica utilizada para combinar a duração e a intensidade destes fenômenos e, em todo o hemisfério norte, a métrica avalia este ano como estando 159% acima do normal.
A grande contribuição para o resultado vem do Pacifico Leste, que marca 245% acima da média, seguido do Pacífico Oeste, com 124% acima dos valores normais. Os oceanos Indico e Atlântico também estão acima da média, mas apenas ligeiramente.
Contudo, o aparecimento destes fenômenos no meio de setembro não é uma surpresa. No cronograma da atividade histórica, esta época do ano não é estranha à ocorrência destes fenômenos naturais.
O Pacífico Oeste tem o pico registrado entre julho e outubro e o Pacífico Leste entre agosto e setembro. Já o Atlântico tem a época mais curta e o pico acontece na primeira metade do mês de setembro.
Contudo, a intensidade das tempestades é bastante elevada em todas as bacias. O meteorologista Phil Klotzbach, estudioso de furacões da Universidade do Colorado, criou um site que registra as atividades. No site, a conclusão é que todas as bacias oceânicas apresentam atividades entre o normal e o acima de normal para o ano de 2018.
Cientistas por todo o mundo afirmam que as mudanças climáticas não influenciarão o número de tempestades criadas, mas que, a grande alteração nestes fenômenos será o aumento das intensidades, algo que já tem sido registrado.
Ciberia // Agência Brasil