Quando foi contratada pelo Hotel Conrad, Marie Jean fez um acordo: não trabalharia aos domingos, isto para cumprir seus compromissos religiosos na Igreja Bethel Baptist.
Marie Jean Pierre era uma imigrante tentando ganhar a vida em Miami, nos Estados Unidos. Concorreu a um lugar no Hotel Conrad para lavar pratos. A condição dominical foi respeitada durante nove anos.
Em outubro de 2015, as coisas mudaram e seu nome passou a figurar nos mapas para trabalhar no sétimo dia da semana. Apesar de tudo, as trocas de turnos com colegas solidários foram permitindo a Pierre marcar presença na igreja. “Eu amo Deus. Não trabalho aos domingos, porque no domingo eu honro Deus”, explicou em entrevista à NBC.
Em março do ano seguinte, Marie Jean Pierre, de 60 anos, foi despedida por “má conduta, negligência e ausências injustificadas” – ou seja, por ter tentado escapar do turno aos domingos. Faltou seis vezes.
O caso seguiu foi parar no tribunal. A Comissão de Igualdade de Oportunidades de Emprego, a quem Pierre escreveu se queixando, garantiu a ela que tinha razão, de acordo com o El País.
O argumento de Marie Jean Pierre para enfrentar o hotel foi discriminação religiosa. A batalha jurídica acabaria por ditar uma vitória, pois verificou-se a violação da Lei dos Direitos Civis de 1964.
Agora, o Hotel Conrad, na época gerido pelo grupo Hilton, terá que recompensar a haitiana com cerca de 20 milhões de dólares por danos: 40 mil para cobrir os salários e benefícios que perdeu desde a demissão, 500 mil para compensar a dor emocional e o restante por danos punitivos – concedidos para punir um réu por negligência grave ou má conduta.
Desse montante, receberá 300 mil, o máximo que pode ser pago por danos punitivos. Mas a história pode não terminar por aqui. Os advogados do hotel disseram que pretendiam recorrer da decisão.
Ciberia // ZAP