Em 1708, o galeão espanhol San José afundou, levando para o fundo do mar do Caribe um tesouro valioso. Agora, 310 anos mais tarde, seus destroços foram finalmente identificados, graças à análise de seus singulares canhões de bronze.
As primeiras notícias de que o tesouro mais procurado do mundo teria sido encontrado surgiram em 2015, mas agora é oficial: o galeão naufragado ao largo da Colômbia é mesmo o San José.
De acordo com imagens enviadas pelo REMUS 6000, veículo autônomo de profundidade da Woods Hole Oceanographic Institution, os canhões do navio naufragado ainda têm seus golfinhos gravados na superfície. O submersível chegou a 9 metros de distância do navio naufragado e confirmou sua identidade.
Apesar de a WHOI ter conhecimento deste detalhe desde novembro de 2015, só agora suas agências afiliadas e o governo colombiano autorizaram que os pesquisadores o anunciassem ao público. “É o Santo Graal de todos os naufrágios”, diz o Livescience.
O San José estava equipado com 62 canhões, o que não foi suficiente para permitir que vencesse sua última batalha, contra quatro navios britânicos. O naufrágio aconteceu durante a Guerra da Sucessão Espanhola, entre 1701 e 1714, na qual a Inglaterra, Portugal e Alemanha se opuseram à união dinástica entre a França e a Espanha.
Durante o conflito, navios cheios de ouro da América Latina eram enviados por portugueses e espanhóis para financiar os conflitos na Europa.
Normalmente, estes navios eram acompanhados por frotas de escolta fortemente armadas. Mas no caso da última viagem do San José, houve um atraso na chegada da sua escolta, e o comandante José Fernandez de Santillan, conde de Casa Alegre, decidiu iniciar a viagem de qualquer maneira, com apenas um navio e sua tripulação de 500 homens.
Como sabemos hoje, esse foi um erro dramático, que acabou em uma luta sangrenta.
A carga do navio continha ouro, prata e esmeraldas, com um valor que atualmente rondaria os 17 bilhões de dólares – cerca de 65 bilhões de reais. Este é provavelmente o maior tesouro da história.
Nos últimos três séculos, inúmeros caçadores de tesouros procuraram os restos do navio, mas só no fim de 2015 uma equipe internacional de cientistas encontrou o local do naufrágio, com a ajuda do navio da marinha colombiana ARC Malpelo. O lendário San José foi encontrado a 600 metros de profundidade.
O REMUS 6000, famoso por ter ajudado a localizar os destroços do voo Air France 447 do Brasil para a França em 2009, entrou mais tarde em ação. “O REMUS 6000 foi a ferramenta ideal para o trabalho, já que é capaz de conduzir missões de longa duração, a grande profundidade, em grandes áreas”, diz Mike Purcell, líder de expedição.
O governo colombiano pretende agora construir um museu para acolher os restos do San José, incluindo seus famosos canhões e valiosas cerâmicas.
Ciberia // HypeScience / ZAP