Robôs e sensores têm automatizado as áreas agrícolas no Brasil, mais intensamente nos últimos cinco anos, e com objetos conectados à internet, a tendência da internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), tornam o Brasil referência mundial para soluções de agricultura tropical, avaliaram especialistas.
Essa tendência, no campo, se traduz na instalação de sistemas tecnológicos que podem monitorar os cultivos a fim de gestar a produção e gerar um “big data” agrícola, que pode orientar ações como correção de acidez, irrigação e plantio.
“O Brasil se posiciona como um precursores em internet das coisas por adaptar a integração de dados à produção na agricultura tropical, o que o coloca como referência na agricultura digital”, explicou Silvia Massruhá, chefe-geral do segmento de Informática Agropecuária da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), à EFE.
De acordo com a pesquisadora, o país, embora líder em adaptação de tecnologia no campo na América Latina, convive com desafios de conexão e desenvolvimento de algumas regiões rurais, por isso pesquisas em biotecnologia e nanotecnologia se fortalecem para resolver esses limites.
Um dos projetos pioneiros da Embrapa é o monitoramento de pragas em cultivos de café por meio de sensores em um “campo experimental” localizado em Jaguariúna, interior de São Paulo. O objetivo é economizar recursos hídricos para melhorar a qualidade e a produção do café.
“Hoje, o Brasil é um grande exportador, player e referência da agricultura tropical e para mantermos esse protagonismo nos próximos anos é preciso tentar trabalhar mais a integração de dados baseada no conhecimento digital”, ressaltou Silvia.
Além das áreas de testes governamentais, o país é terreno para instalação de laboratórios de tecnologia de ponta com interesse na agricultura, como é o caso do primeiro centro de Experiência de Internet das Coisas do país, o IoT Open Labs, da empresa de infraestrutura de telecomunicações, American Tower.
Outras iniciativas
No IoT Open Labs, soluções para monitoramento de solo e de gado com sensores de baixo custo e consumo de energia estão sendo testadas.
Para garantir um menor preço, o IoT Open Lab contempla uma infraestrutura de rede de baixa potência (Low Power Wide Area Network) feita para conectar dispositivos e sensores que funcionam por sistemas de bateria que podem durar anos.
“No caso do monitoramento de solos, sensores são colocados em diversos pontos das plantações e periodicamente, via rede LoRa (rede de longo alcance e baixo custo), são enviadas informações da umidade para um aplicativo, que pode mostrar dados em um computador, tablet ou até smartphone”, detalhou Abel Camarfo, Diretor Sênior de Estratégia e Novos Negócios da American Tower no Brasil.
Para Camargo, “o agronegócio é uma das verticais muito importantes para internet das coisas no Brasil”, já que o país “é um dos líderes nesse setor no mundo”, afirmou.
A empresa israelense de irrigação Netafim também investiu em inteligência artificial no Brasil e uma das iniciativas foi a irrigação inteligente, onde um sistema computadorizado registra o quanto de água e insumos a planta precisa. A partir disso, um robô gere a liberação de quantidades precisas dos produtos.
De acordo com estudo do BNDES feito em 2017, o potencial de IoT no Brasil pode resultar em uma produtividade estimada em 200 bilhões de dólares até 2025.
Ciberia // EFE