A rua é o espaço mais democrático e mais nosso possível. É público e pede para ser ocupado e não apenas pisado. Hoje em dia, há cada vez mais eventos e intervenções urbanas que fazem exatamente isso e que ajudam a ressignificar esse espaço e a nossa relação com ele.
O cronista João do Rio escreveu como ninguém as sensações, os barulhos, o fascínio, as histórias que são as ruas. Em seu livro “A alma encantadora das ruas”, ele vai a fundo para entender como era essa troca entre o espaço público e a sociedade carioca do Brasil republicano.
Em sua obra, ele apresenta a figura do flâneur, que vaga pela cidade em busca do inesperado ou em busca de nada. “E de tanto ver o que os outros quase não podem entrever, o flâneur reflete. As observações foram guardadas na placa sensível do cérebro”, diz um trecho da obra.
E foi como flâneur que a jornalista Fernanda Moreira criou o projeto Ladrilha. Passeando pelas ruas, sentiu a vontade de ocupar o espaço público com uma parte de si mesma. Fernanda espalha pequenas mensagens de poesia pelas ruas do Rio de Janeiro, escritas em ladrilhos.
Seu trabalho delicado expõe um pouco daquilo que está dentro dela e se mescla com os sentidos das ruas. Foi com o Ladrilha que a jornalista pode conhecer um pouco mais de si mesma e se desafiou a expôr as coisas do seu íntimo e a receber o que a cidade poderia dar em troca.
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