Juncker recusa falar em fracasso. May volta a Bruxelas amanhã, após unionistas do DUP terem ameaçado votar contra o acordo.
“Não foi possível chegarmos a um acordo total hoje“, confirmou o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, após um almoço de trabalho, de acordo com o Diário de Notícias.
No entanto, o luxemburguês reforçou que “não é um fracasso” e se referiu à primeira ministra britânica como “uma negociadora dura“.
Por outro lado, Theresa May disse que os dois lados tentam negociar de boa-fé, mas há divergências “em uma ou duas áreas” que os impedem de chegar a um acordo e passar à próxima fase de negociações.
As áreas de divergência, ao contrário do que se esperaria, não estão relacionadas com o valor que o Reino Unido está disposto a pagar pela fatura do divórcio, depois de na semana passada terem surgido notícias que davam conta que Londres estava disposto a pagar mais à UE, apesar de resistir a pagar os 60 bilhões de euros exigidos por Bruxelas.
Neste momento, o que trava as negociações é a Irlanda do Norte. Os unionistas do DUP, de quem May depende para aprovar o acordo, teriam rejeitado um acordo que implicaria a permanência da Irlanda do Norte no mercado comum mesmo após a concretização do Brexit.
O DUP defende a medida de forma a evitar o regresso dos controles fronteiriços entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte, uma realidade que violaria o acordo de paz da Sexta-Feira Santa assinado em 1998 e que pôs fim a três décadas de conflito.
Arlene Foster, líder do DUP, teria transmitido à primeira ministra britânica a posição do partido, durante uma breve pausa no almoço com Juncker: “Temos sido muito claros. A Irlanda do Norte tem que deixar a UE nos mesmos termos do resto do Reino Unido. Não vamos aceitar nenhuma forma de divergência de regulação que separe a Irlanda do Norte econômica e politicamente do resto do Reino Unido”.
Ficar sem o apoio do DUP seria apenas um dos problemas para May. O outro seria lidar com as reivindicações da Escócia, País de Gales e de Londres que, logo que se soube da exceção aberta para a Irlanda do Norte, exigiram as mesmas condições.
Uma frente unida – Escócia e Londres votaram pela permanência do Reino Unido na UE no referendo de junho de 2016, enquanto Gales votou pelo Brexit – que faz ressurgir a teoria de que a melhor solução é a Inglaterra deixar a UE e o resto do Reino Unido ficar.
Ciberia // ZAP