O filme La La Land: Cantando Estações foi o grande vencedor do 74º Globo de Ouro, evento realizado ontem (8) à noite em Beverly Hills, no estado da Califórnia. O momento alto da noite, no entanto, foi o discurso de Meryl Streep, ao receber o prêmio pelo conjunto de sua obra.
O comediante Jimmy Fallon foi o anfitrião da cerimônia. O filme, um jazz musical sobre um pianista e uma aspirante a atriz que buscam o sucesso em Hollywood, ganhou nas sete categorias em que foi indicado, incluindo melhor roteiro, melhor diretor, melhor partitura original e melhor canção original.
As estrelas do filme, Emma Stone e Ryan Gosling, levaram os prêmios de melhor atriz e melhor ator por seus papéis.
La La Land: Cantando Estações superou, em número de prêmios, os clássicos Um Estranho no Ninho e O Expresso da Meia-Noite, que receberam seis prêmios cada.
O prêmio de melhor filme dramático foi para Moonlight. Dirigido por Barry Jenkins, o filme é uma história da luta de um jovem negro gay criado por uma mãe solteira drogada.
A francesa Isabelle Huppert foi a vencedora na categoria melhor atriz em filme de drama, pelo trabalho em Elle. A produção, dirigida por Paul Verhoeven, foi escolhida ainda o melhor filme estrangeiro. Isabelle superou Amy Adams (A chegada), Jessica Chastain (Miss Sloane), Ruth Negga (Loving) e Natalie Portman (Jackie).
A cerimônia ainda contou com uma homenagem especial às atrizes Carrie Fisher e Debbie Reynolds, mãe e filha, que morreram no fim de dezembro, com apenas um dia de diferença. Elas foram lembradas em um clipe com cenas de seus filmes, ao som da canção You Made Me Love You, do musical Irene, cantada por Reynolds.
Meryl Streep arrasa Trump
A homenageada do Globo de Ouro 2017 foi Meryl Streep. A atriz recebeu o Cecil B. DeMille Award, prêmio pelo conjunto da obra.
Meryl Streep fez um discurso emocionado, celebrando a presença de estrangeiros nos Estados Unidos e especialmente em Hollywood, e fez críticas a Donald Trump e às forças culturais que levaram o bilionário à vitória nas eleições para presidente dos Estados Unidos – sem nunca referir diretamente o presidente eleito.
“Houve uma performance este ano que me impressionou“, começou por dizer na abertura do seu discurso. “Partiu o meu coração quando vi e continuo sem conseguir tirar aquilo da cabeça porque não foi um filme. Foi a vida real“, afirmou a veterana de Hollywood, referindo-se a uma situação que ocorreu durante a campanha de Donald Trump no Estado da Carolina do Sul, quando o então candidato imitou Serge Kovaleski, um jornalista com deficiência.
“Este instinto para humilhar quando é moldado por alguém que está numa plataforma pública, por alguém poderoso, consegue infiltrar-se na vida de toda a gente. Desrespeito convida ao desrespeito. Violência incita à violência”, afirmou Meryl Streep.
“Vocês e todos nós nesta sala pertencemos verdadeiramente aos segmentos mais vilipendiados da sociedade norte-americana neste momento. Pensem nisso. Hollywood, estrangeiros e a imprensa”, disse em tom de piada.
“Mas quem somos nós? E o que é Hollywood, de qualquer forma? Um monte de pessoas de outros lugares. Hollywood está cheia de forasteiros e estrangeiros. Se corrêssemos com todos, não havia nada para ver, a não ser futebol e artes marciais, que não são bem artes”, afirmou.
O discurso de Streep aconteceu a menos de duas semanas da tomada de posse de Trump, que realizou uma campanha contra mexicanos e muçulmanos.
Trump já respondeu: acusou Streep de ser uma grande “fã de Hillary“. Numa declaração ao jornal New York Times, o republicano disse que “não estava supreeendido” com o fato de ser alvo de críticas por parte de “pessoas dos filmes liberais”. No entanto, admitiu, nem sequer assistiu ao discurso.