Quebrar tabus, romper paradigmas, fugir dos estereótipos e realizar coisas consideradas impossíveis para um empreendimento negro. São desafios que os empreendedores da Mukunã Dreadlocks conhecem desde quando fizeram a primeira cabeça.
O negócio – iniciado em 2013 – surgiu como um pequeno projeto paralelo que apenas complementaria a renda dos jovens estudantes.
Quatro anos mais tarde, o amor pela estética negra e vontade de propagar essa arte pelo mundo impulsionou mais um salto para o empreendimento: o lançamento de produtos apropriados para dreadlocks, com fabricação própria.
O evento foi realizado na sede da Mukunã LAB no dia 19 de agosto, com programação extensa. Três tipos de shampoos sólidos foram lançados no dia: para cabelos secos, oleosos e também um shampoo anti caspa.
Cada shampoo possui diferentes ingredientes. A escolha de cada manteiga vegetal, extrato glicólico e óleo essencial, por exemplo, depende de quais propriedades serão atribuídas a cada fórmula.
A poetisa Ingrid Ellen abriu o evento com versos que exaltavam a beleza, inteligência e a representatividade das mulheres negras.
“Nós sempre procuramos tirar os dreadlocks desse lugar de invisibilidade não só oferecendo serviços necessários, mas também através de editoriais de moda, audiovisuais, e agora, também oferecendo cosméticos artesanais e orgânicos, pensados especificamente para o cuidado do cabelo dread”, afirmou Ana Vitória, sócia e co fundadora da Mukunã.
Liberdade do Mukunã
A roda de conversa foi iniciada por volta das 15h, o objetivo era trazer um debate amplo acerca dos cabelos negros. Contou ainda com performances e atrações musicais. O Coletivo Meio trouxe Flash Tattoo com Gabriel Garcia e o Brechó Bença de Vó.
A mediação da roda de conversa ficou por conta do professor e diretor do Vale do Dendê-Aceleradora de Negócios, Hélio Santos, que introduziu o debate trazendo questões históricas inerentes ao racismo e as formas como atua.
Dona das criações cosméticas do Ewé, formada em Farmácia pela UFBA, Mona Soares foi responsável por alertar sobre os perigos das substâncias utilizadas nos cosméticos industrializados e os benefícios individuais e para o meio ambiente a partir da utilização de produtos orgânicos.
A sócia fundadora da marca de turbantes Empoderamente, estudante de jornalismo e poetisa – a repórter que vos escreve – Joyce Melo, a partir de vivências pessoais e experiência em trabalho com estética falou sobre a opressão dos cabelos crespos até chegar à liberdade do mukunã (cabelo).
Empreendedora, idealizadora e fundadora da Casa de Marah, Maraise Massena não amaciou na hora de falar das grandes marcas “empoderadoras” da indústria capilar, além de ressaltar a importância de priorizar pessoas negras que estão se preocupando em ocupar um espaço tão demarcadamente branco.
Para falar de um assunto que muito interessa a qualquer afroempreendedor, o Cientista de Dados e Engenheiro de Machine Learning, Lucas Santana explanou assuntos sobre Empreendedorismo e Black Money (dinheiro negro). Inclusive anunciou o curso online Inventividades que logo mais estará disponível para ajudar empreendedores em áreas financeiras, de marketing e etc.
Ana Vitória considerou o evento “bastante positivo, pois o objetivo era mostrar não somente os produtos, mas também promover um debate sobre os riscos do uso de cosméticos sintéticos e outros assuntos inerentes ao cabelo, principalmente o cabelo dreadlock”.
// Correio Nagô