Câmara dos EUA condena retirada militar do norte da Síria

Por 354 votos a 60, deputados rejeitaram decisão de Trump de abandonar forças curdas que lutavam ao lado dos EUA. Resolução contou com apoio de mais da metade da bancada republicana.

A Câmara de Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta quarta-feira, por ampla maioria, uma resolução que condena a decisão do presidente Donald Trump de retirar as tropas americanas do norte da Síria.

A resolução é a primeira manifestação formal do Congresso à decisão de Trump, considerada pelos especialistas como o sinal verde de Washington à ofensiva militar lançada pela Turquia contra as milícias curdas no norte da Síria, que até pouco tempo atrás eram aliadas dos americanos.

A retirada ordenada por Trump vem sendo criticada tanto pela oposição democrata quanto por vários membros do Partido Republicano de Trump.

A Câmara “rejeita a decisão de acabar com certos esforços dos Estados Unidos para evitar operações militares turcas contras as forças curdas no nordeste da Síria”, assinala a resolução não vinculante, aprovada por 354 votos a 60. Entre os 197 deputados republicanos da Câmara, 129 votaram contra o presidente nesta quarta-feira.

O texto exorta o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, a “cessar imediatamente as ações militares unilaterais” na zona e defende a manutenção do apoio humanitário americano às comunidades curdas na Síria.

Pouco antes da votação, Trump minimizou a importância dos curdos aliados dos EUA na luta contra o Estado Islâmico (EI) avaliando que eles “não são anjos”.

O presidente ainda disse que o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) é, provavelmente, uma “ameaça terrorista” maior que o Estado Islâmico, mas negou ter dado sinal verde a Erdogan para sua ofensiva.

Não lhe dei sinal verde. Quando alguém diz algo assim mente. Foi o contrário de um sinal verde. Para começar, quase já não tínhamos soldados lá. A maioria já tinha partido”, disse Trump, horas antes de o vice-presidente, Mike Pence, viajar à Turquia para tentar um cessar-fogo.

Trump decidiu enviar a Ancara Pence e o secretário de Estado, Mike Pompeo, para se encontrar com Erdogan nesta quinta e tentar convencê-lo a negociar um cessar-fogo.

Ainda nesta quarta-feira, a rede Fox News revelou o conteúdo de uma carta que Trump enviou para Erdogan na semana passada, pouco antes do início da ofensiva turca.

No documento, que tem uma linguagem pouco comum para um texto diplomático, Trump adverte Erdogan a não invadir o território curdo na Síria.”Vamos negociar um bom acordo. Você não quer ser o responsável por massacrar milhares de pessoas, e eu não quero ser responsável por destruir a economia turca”, disse Trump no documento. “Não seja um cara durão. Não seja um tolo.”

Na segunda-feira, o governo dos EUA anunciou sançõescontra três ministros turcos e afirmou que aumentará as tarifas ao aço da Turquia para 50%, além de ter fechado a porta para um acordo comercial entre os dois países.

Por enquanto, a Turquia vem ignorando as novas sanções dos Estados Unidos. O país tem prosseguido com sua ofensiva no norte da Síria. Do lado oposto, o exército do ditador Bashar al-Assad ocupou em uma das cidades mais disputadas do país, Manbij, com apoio da Rússia, preenchendo o vazio deixado pela retirada de tropas americanas. Segundo Moscou, os curdos permitiram que as tropas de al-Assad ocupassem a cidade.

Embora tenha sinalizado que pretende endurecer com Erdogan, Trump tem regularmente expressado desdém pelos seus ex-aliados curdos. Em uma mensagem no Twitter na terça-feira, ele chegou a sugerir que os curdos procurem a ajuda do antigo imperador francês Napoleão Bonaparte.

Qualquer um que queira ajudar a Síria a proteger os curdos está bem para mim, seja a Rússia, China ou Napoleão Bonaparte. Espero que fiquem bem, estamos a 12 mil quilômetros de distância!”, disse, no Twitter.

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