O criador de Mafalda, o cartunista argentino Quino, morreu aos 88 anos. O icônico ilustrador e humorista marcou a vida argentina e do mundo todo com a criação da pequena menina com grandes ideias que se mostrou um símbolo da arte latino-americano no geral.
O anúncio da morte de Joaquín Salvador Lavado, o Quino, que sofreu com um acidente vascular cerebral recentemente, veio através de um comunicado oficial de seu editor, Daniel Divinsky.
Natural de Mendoza, ele teve a astúcia de criar uma personagem que captura o espírito da juventude revolucionária dos anos 60 com a sutileza necessária para driblar a censura da ditadura argentina.
“A sutileza de Quino superou com sucesso a bestialidade e estupidez dos militares e censores da ditadura argentina. Mafalda era considerada uma tira infantil, uma criança inocente, ao menos para as autoridades da época. Porém, se alguém se põe a ler e analisar essa criança inocente, chega à conclusão de que são reflexões próprias de um adulto”, afirma Mario Casartelli, cartunista do jornal argentino Última Hora.
“O caráter de resistência de Mafalda revelado nas mais de duas mil tirinhas editadas de 1964 até 1973, em que se percebe uma infinidade de posições-sujeito e formações discursivas que, através do riso, faziam uma dura crítica à política, como também à humanidade em geral”, reflete a mestra em Letras Priscila Pedroso, na sua tese de dissertação “A função enunciativa do porta-voz nas histórias em quadrinhos de Mafalda”.
Entre 1962 e 1976, a Argentina passou por três golpes militares. A resistência democrática aos conturbados movimentos políticos que causaram as morte de milhares de hermanos no período foi acompanhada das inteligentes sátiras de Quino que, mesmo após terminar os quadrinhos com Mafalda, explorou as críticas sociais junto de outros personagens e cartuns:
Confira a repercussão da morte do cartunista ao redor das redes sociais:
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