Cientistas observaram mais de perto a pele da cascavel-chifruda e descobriram um truque que facilita espécies que habitam regiões arenosas a se locomoverem rapidamente.
Ao caminharmos na areia da praia, muitas vezes temos dificuldade em nos manter equilibrados já que nossos pés afundam na areia conforme andamos para frente. Instigados em entender como as cobras dos desertos fazem para se deslocar rápido e sem dificuldades, cientistas da Universidade de Atlanta, nos Estados Unidos, descobriram que as víboras das regiões arenosas deslizam para os lados e não para frente como a maioria das cobras comuns.
Os especialistas estudaram a técnica da espécie cascavel-chifruda, nome comum de um grupo de três espécies de víboras aparentadas encontradas nos desertos da África, Oriente Médio e América do Norte, e perceberam que elas desenvolveram uma forma única de ser mover lateralmente, o que é considerado pelos cientistas uma verdadeira arte. Desta maneira, elas conseguem atingir quase 30 km/h de velocidade, sendo assim as cobras mais rápidas do mundo.
O segredo das cascavéis-chifrudas está na pele cheia de covinhas ao invés de pequenas pontas espinhosas na parte inferior como as cobras comuns. Embora pareçam lisas, todas as espécies têm um tipo de escamas que auxilia no atrito com o solo para deslizar para frente. A pesquisa acadêmica, publicada na segunda-feira (1º) na Proceedings of the National Academy of Sciences, revela que a microestrutura côncava presente na barriga das chifrudas é fator importante para o deslocamento delas no solo arenoso. Os cientistas usaram microscópios atômicos para observar melhor as peles naturalmente perdidas periodicamente pelas víboras que foram fornecidas pelo Zoológico de Atlanta.
A cascavel-chifruda do Saara e as do deserto do Namíbia, que são parentes, possuem escamas na barriga com poços uniformes e sem pontas. Mas a cascavel-chifruda dos desertos mexicanos, que vem de um ramo diferente da árvore genealógica daquelas, ainda tem alguns vestígios de pontas espinhosas na barriga, além das covinhas.
Estudiosos explicam que isso se dá, provavelmente, pela diferença de idade dos desertos da América que registram entre 15 mil e 20 mil anos, enquanto os desertos do Norte da África têm a existência estimada entre sete milhões a dez milhões de anos, o que pode ter ligação direta com o processo evolutivo das espécies de cascavéis-chifrudas de cada região.
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