Marcelo Odebrecht e outros 50 executivos da maior empreiteira do país fecharam acordo com os investigadores e procuradores da Operação Lava Jato e deve delatar propinas e negociações ilegais com vários políticos.
Após oito meses de negociações, essa terça-feira (25) amanhece como o marco da conclusão da maior série de delações premiadas do Brasil.
Pelo menos 130 deputados e 20 governadores e ex-governadores foram citados por Odebrecht e pelos executivos da empreiteira. Entre os nomes de destaque, estão também o presidente Michel Temer, os ministros José Serra e Geddel Vieira Lima, bem como os ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega e o deputado cassado Eduardo Cunha.
Para fontes com acesso à investigação citadas pelo Globo, as acusações atingem “de forma democrática” líderes de todos os grandes partidos que se encontram no Governo ou na oposição.
No caixa dois da Odebrecht não havia distinção partidária ou ideológica, diz essa fonte. A regra era exercer o pragmatismo na guerra pelos melhores contratos com a administração pública.
“Não vai ser o fim do mundo, mas são informações suficientes para colocar o sistema político em xeque”, resume um dos envolvidos nas negociações entre investigados, advogados e força-tarefa.
O alto número de delatores criou problemas estruturais na operação, uma vez que foram destacados 10 investigadores para conduzir, pelo menos, 50 delações de executivos e funcionários da maior empreiteira do país – um número ainda não confirmado indica a existência de 68 delatores.
Os delatores serão alinhados conforme participação nos esquemas de corrupção e relevância na hierarquia das propinas. Os interrogatórios devem ser feitos em São Paulo, Brasília, Salvador e Curitiba, onde Marcelo Odebrecht está preso.
Os depoimentos devem ser feitos entre este fim de ano e o início de 2017, para então a Operação Lava Jato chegar à sua fase mais impactante, quando nomes relevantes de diversas camadas do governo devem surgir. As delações podem ainda trazer dados de propinas e esquemas anteriores ao primeiro mandato do ex-presidente Lula.
A tarefa é considerada longa e árdua. Pelos padrões da Lava-Jato, um delator nunca presta menos que dez longos depoimentos. Alguns são chamados para prestar esclarecimentos mais de 50 vezes. Ou seja, não se sabe ainda quantos depoimentos cada investigador terá que conduzir.
// Portal Fórum / Rede GNI