May perde maioria e chega a acordo com unionistas irlandeses para propor Governo à rainha

Stefan Wermuth / Reuters

A primeira-ministra britânica Theresa May

A primeira-ministra britânica Theresa May

A líder do Partido Conservador britânico se deslocará ao Palácio de Buckingham para pedir autorização à rainha para formar Governo, mesmo sem ter maioria absoluta, segundo fonte do gabinete.

Declarados 649 dos 650 lugares na Câmara dos Comuns, o Partido Conservador britânico elegeu 318 lugares, oito a menos do que os necessários para atingir uma maioria absoluta e menos 12 do que antes das eleições.

O Partido Trabalhista adicionou 29 aos que possuía, somando 261 deputados.

O Partido Nacionalista Escocês conquistou 35 lugares, os Liberais Democratas 12 (+4), o Partido Democrático Unionista [Irlanda do Norte] 10 (+2), o Sinn Féin sete (+3), os nacionalistas galeses do Plaid Cymru quatro (+1), os Verdes um e foi eleito um independente na Irlanda do Norte.

Segundo a imprensa britânica, Theresa May teria chegado a um acordo com os Unionistas Democráticos irlandeses (DUP) e deverá apresentar uma proposta de Governo à rainha Elizabeth II no Palácio de Buckingham.

A líder do DUP, Arlene Foster, prometeu durante a noite “fazer o que for o melhor interesse da Irlanda do Norte”, e disse que esta é uma “oportunidade para [o partido] se fazer notar ainda mais em Westminster”.

“Tínhamos muita influência no passado e vamos ter outra vez no futuro”, afirmou, embora tenha se recusado a divulgar que tipo de exigências faria para aceitar um acordo ou coligação.

O DUP é o principal partido político na Irlanda do Norte, sendo conhecidos por defenderem a permanência no Reino Unido e terem feito campanha a favor do Brexit.

Corbyn sugere a May que se demita

Ontem à noite, a primeira-ministra afirmou que quer se manter em funções para garantir “um período de estabilidade”. “Se, como as projeções mostram e se forem corretas, o partido Conservador ganhou mais lugares e mais votos, então cabe a nós garantir que temos esse período de estabilidade e é exatamente isso que vamos fazer”, disse.

Por sua vez, o líder do partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, convidou a governante a dar lugar a um governo do ‘Labour’ [Trabalho, em português].

“Se há uma mensagem do resultado desta noite é o seguinte: a primeira-ministra convocou a eleição porque queria um mandato. Mas o mandato que tem é perda de assentos, é perda de votos, é perda de apoio e perda de confiança. Penso que é suficiente para que vá embora e dê lugar a um governo que seja representativo das pessoas deste país”, afirmou.

“A política mudou e não vai voltar para a caixa onde estava. As pessoas disseram que estão cansadas da austeridade, dos cortes nos serviços públicos. Estou muito orgulhoso do que o meu partido fez e do meu programa ‘para muitos, não para poucos’”, disse ainda.

Reações à derrota de May

“May, que esperava uma situação mais confortável, perdeu a aposta e se encontra em uma situação que não é simples, até porque, hoje de manhã, não conhecemos a configuração do governo”, disse o comissário europeu Pierre Moscovici à estação de rádio France 1.

“Espero que os britânicos estejam em condições de formar um Governo estável, o mais depressa possível. Não penso que as coisas tenham ficado mais fáceis, mas estamos prontos”, disse o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

“Façam o melhor para evitar ‘um não negócio’, em resultado de ‘uma não negociação’”, apelou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, no Twitter.

O comissário europeu Günther Oettinger advertiu que, diante de um Governo britânico “fraco”, as negociações sobre o Brexit arriscam ter maus resultados para ambas as partes.

Precisamos de um Governo que possa agir, que possa negociar a saída do Reino Unido. Com um fraco parceiro de negociação, há o perigo de as negociações terem maus resultados para ambas as partes”, afirmou em entrevista à rádio alemã Deutschlandfunk.

As urnas abriram às 7h horas desta quinta-feira (8) e encerraram às 22h em 650 circunscrições eleitorais, com cada uma elegendo um deputado. Um total de 46,9 milhões de eleitores estavam recenseados este ano, cerca de um milhão a mais do que em 2015.

O sistema eleitoral usado nas eleições legislativas britânicas é de maioria simples [first past the post], o que quer dizer que vence aquele que tiver o maior número de votos. O Governo é formado pelo partido com maior número de deputados na Câmara dos Comuns e o primeiro-ministro é o respetivo líder do partido.

Ao todo, concorreram 3.303 candidatos em 650 círculos uninominais, distribuídos por Inglaterra (533), Escócia (59), Irlanda do Norte (18) e País de Gales (40).

// ZAP

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