A morte de uma jovem palestina de 21 anos está levando a um clamor internacional por justiça. A maquiadora Israa Ghrayeb, de Belém, na Cisjordânia, morreu na quinta-feira, 29 de agosto, vítima do que parece ser um “crime de honra” cometido por seu próprio irmão, Ihab, por ordem do pai.
De acordo com informações da mídia palestina, Ihab, que também tem nacionalidade canadense, teria espancado e torturado Israa na casa da família, em Belém, a pedido do pai de ambos. O motivo: a irmã postou um vídeo na internet do lado de um rapaz com o qual planejava se casar. Para o pai e o irmão, a demonstração pública de afeto antes do casamento causou “desonra” à família.
Num primeiro momento, Israa se feriu na coluna ao cair da janela do segundo andar da casa da família ao tentar fugir da violência do irmão. Parentes, no entanto, alegam que ela pulou da janela por estar “possuída pelo demônio”.
No hospital, Israa postou em sua conta do Instagram que não poderia trabalhar pelos próximos dois meses porque passaria por uma cirurgia na medula espinhal: “Que Deus julgue aqueles que me oprimiram e me feriram”, escreveu a jovem.
De acordo com a mídia local, a jovem foi novamente atacada no hospital pelo irmão. Imagens do ataque – com Israa gritando e apelando por sua vida – foram postadas em mídias sociais. Ela teria falecido em casa depois do ataque, mas os detalhes sobre o incidente ainda não foram esclarecidos. A família afirma que ela sofreu um ataque cardíaco.
A ONG palestina de direitos humanos Adalah declarou que se trata de um “crime de honra”.
O caso se tornou viral na internet. Usando a hashtag #WeAreAllIsraa, internautas – incluindo alguns conhecidos do público – passaram a postar mensagens de condenação e pedidos de justiça. “Crimes de honra são assassinatos premeditados e desonrosos”, tuitou a ativista política palestina Hanan Ashrawi.
Também houve manifestações na Cisjordânia. A maior aconteceu na Praça da Manjedoura, em frente da famosa Igreja da Natividade, em Belém. Centenas de mulheres pediram justiça contra crimes desse tipo. “Precisamos de leis que protejam mulheres”, gritavam as manifestantes.
Entre as famílias mais conservadoras no Oriente Médio, os “crimes de honra” não são incomuns. Mulheres acusadas de desonrar a família ao não seguirem leis estritas de comportamento são vítimas de violência cometida por seus próprios parentes. Em muitos casos, os assassinos, quase sempre parentes da vítima, não são punidos, porque a legislação permite que as famílias os perdoem.
// RFI BR