A adolescente palestina Ahed Tamimi, condenada por um tribunal militar de Israel depois de aparecer em um vídeo esbofeteando soldados, saiu neste domingo da prisão junto com sua mãe, Nariman, após uma sentença de oito meses, confirmaram à Agência Efe fontes da família da jovem.
Ahed Tamimi, de 17 anos, e sua mãe, que cumpriam pena na prisão israelense de Ha Sharon, foram levadas a um posto de controle da Cisjordânia, cuja localização mudou várias vezes desde que a libertação foi notificada a familiares e amigos, depois de meia-noite (horário de Brasília).
O Serviço de Prisões de Israel transferiu finalmente a adolescente, transformada em um símbolo da resistência palestina, e sua mãe ao posto fronteiriço de Rantis, perto de Ramala, onde foram recebidas por simpatizantes com bandeiras palestinas, e opositores, com bandeiras israelenses.
Tamimi e sua mãe devem visitar o túmulo do líder palestino Yasser Arafat, na cidade cisjordaniana de Ramala, após o que terão um encontro com a imprensa em sua cidade natal de Nabi Saleh, onde foi gravado o vídeo que se tornou viral e foram detidas.
A adolescente foi detida no dia 19 de dezembro do ano passado quando tinha 16 anos ao aparecer em um vídeo com sua mãe e sua prima, também detidas, no qual repreendiam e agrediam soldados israelenses na sua casa de Nabi Saleh, na Cisjordânia ocupada.
Sua prima Nour foi posteriormente liberada, enquanto Tamimi e sua mãe tiveram um julgamento militar, no qual aceitaram algumas das acusações, após um acordo com a Promotoria em março.
Tamimi foi sentenciada por incitação e agressão com agravante, entre outros, e sua mãe por incitação, a oito meses de prisão, ficando detidas sete meses e duas semanas. A jovem pertence a uma conhecida família de ativistas palestinos que lideram manifestações em Nabi Saleh, rodeada por postos militares israelenses.
“Resistência continua”
Ahed, que tem 17 anos, agradeceu a campanha de apoio em seu favor, um caso com grande repercussão internacional, e pediu que esse apoio continue para os outros presos palestinos em prisões israelenses, “especialmente os menores de idade”, que são 291, segundo a organização Adameer.
“Minha felicidade não está completa porque tenho ‘irmãs’ que permanecem na prisão”, declarou Ahed, que acrescentou que esta experiência a fez decidir estudar direito.
A jovem garantiu em entrevista coletiva que “a resistência palestina continua“.
A jovem deu a entrevista ao lado de seu pai Basem, e de sua mãe, Nariman. “Sempre vamos garantir que as crianças busquem seus direitos, e que tenham forças para seguir em frente”, afirmou Nariman. Além disso, mãe e filha reivindicaram o papel da mulher como crucial para “a resistência palestina” contra a ocupação israelense.
Pouco antes da entrevista coletiva, a advogada Gaby Lasky disse à Agência Efe que “ficou comprovado que as razões da detenção são políticas e não legais”, e também manifestou sua preocupação com as consequências para Ahed se ela voltar a participar de manifestações.
// EFE