Nesta segunda-feira (23), a Tesla atingiu o valor de mercado de US$ 498 bilhões. E isso em um momento em que não se sabe se a empresa vai conseguir atingir a sua meta de entregar 500 mil veículos em 2020.
E a sua divisão de veículos autônomos ainda seja um trabalho em andamento – sem contar as questões regulatórias envolvendo as leis de trânsito ou mesmo o ânimo (ou bolso) dos usuários em adotar um carro do gênero.
Mas o fato é que com o valuation da montadora quase atingindo o meio bilhão de dólares faz com que a aposta de Elon Musk, cofundador e CEO da empresa, esteja quase se concretizando. Em uma conferência realizada com investidores em maio do ano passado, ele previu que a chegada dos Teslas autônomos aumentaria a capitalização da companhia para os almejados US$ 500 bilhões.
Na época, isso pareceu audacioso a muitos, dado que o valor de mercado da Tesla era inferior a US$ 45 bilhões na época. No entanto, a capitalização de mercado da montadora disparou mais de 11 vezes desde então, ficando perto da previsão de Musk. Em julho desse ano, o CEO da Tesla disse esperar que a empresa alcance “funcionalidade básica” para seus carros autônomos até o final deste ano.
De fato, a montadora começou a lançar uma versão beta de seu software autônomo para clientes selecionados em outubro último. Em um tweet publicado no início deste mês, Musk divulgou uma atualização desse software e que contém uma série de “melhorias fundamentais, tanto com correções de bugs importantes, quanto com novas áreas de funcionalidade”.
Em fevereiro de 2015, Musk havia ido além e apresentou uma capitalização de mercado ainda maior para a Tesla durante uma apresentação de lucros. Na época, ele calculara que se sua empresa continuasse a aumentar a receita em 50% por 10 anos, alcançaria uma margem de lucro de 10% e suas ações seriam negociadas a 20 vezes os lucros. Com isso, o valor de mercado da montadora seria de cerca de US $ 700 bilhões em 2025 ou “basicamente o mesmo que o da Apple hoje”.
Dado que a capitalização de mercado da Tesla é de quase US $ 500 bilhões menos de seis anos depois, ela estaria ultrapassando facilmente a previsão de Musk para daqui a cinco anos.
Durante a apresentação de seus resultados financeiros relativos ao terceiro trimestre de 2020, feita no final de outubro último, uma dúvida pairou sobre os próximos números da Tesla: a empresa conseguirá bater a sua meta de entregar 500 mil carros em 2020?
Em setembro, a montadora disse que vendeu 139 mil carros este último trimestre. Para atingir a meta de meio milhão, que reafirmou na divulgação do balanço, a empresa precisará entregar 181 mil nos últimos três meses do ano – um ganho de 30% em relação ao terceiro trimestre.
“Embora atingir essa meta tenha se tornado mais difícil, entregar meio milhão de veículos em 2020 continua sendo nossa meta”, disse o comunicado da Tesla. “Alcançar essa meta depende, principalmente, de aumentos trimestre a trimestre na produção do Modelo Y e também em nossa fábrica em Xangai, bem como melhorias adicionais na logística e eficiência de entrega em níveis de volume mais altos.”
Outro desafio da Tesla passa em encontrar esse crescimento em um mercado cada vez mais congestionado de veículos elétricos. A Volkswagen revelou planos para vender um modelo do gênero para o mercado de massa, com um alcance ligeiramente menor do que o Modelo 3, da Tesla, a um preço mais barato. E no segmento de luxo, uma série de carros esportivos movidos a bateria e SUVs de alto desempenho devem chegar ao mercado nos próximos anos, oferecendo novas opções para consumidores adeptos de práticas ecológicas e, claro, com um bolso recheado.
Importante lembrar que a Tesla também revelou que ganhou US$ 397 milhões com a venda de créditos fiscais regulatórios para outras montadoras. Essas vendas vêm aumentando nos últimos anos e representam grande porcentagem das margens de lucro da empresa.
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