Cada vez mais governos e pessoas têm descoberto a importância dos dados coletados por empresas da área de tecnologia.
Afinal, os smartphones não saem do bolso das pessoas e, via de regra, acompanham seus usuários a todos os lugares. Mas as ordens judiciais para a acesso a esses dados levanta inúmeras discussões que passam por questões éticas, de privacidade e de segurança.
Nesse cenário, a Uber alega que o número de demandas policiais por dados de usuários, em 2018 aumentou 27% em relação ao ano anterior, de acordo com o relatório anual de transparência publicado pela empresa. No documento, a Uber avalia que o aumento das demandas se deve, em parte, à expansão de seus negócios, mas também a um “crescente interesse” dos governos em acessar dados de seus clientes.
Consta no relatório que a empresa recebeu 3.825 demandas, que implicavam nos dados de 21.913 usuários, somente do governo dos EUA. Dessas solicitações, foram entregues os dados em 72% dos casos, durante 2018.
Em comparação, o número é superior às 2.940 demandas de 17.181 contas feita no ano anterior, com uma taxa muito similar de entrega. Quanto ao governo canadense, em um número bem menor, as autoridades apresentaram 161 demandas por dados de 593 contas de usuários, em 2018.
Implicações das demandas
A Uber defende que o aumento da demanda por dados de clientes representa um desafio para a empresa, avaliada em US$ 82 bilhões, que concluiu seu IPO (abertura das ações na Bolsa de Valores) em maio neste ano.
“Nossa responsabilidade de preservar a privacidade do consumidor, ao mesmo tempo em que cumprimos as obrigações regulatórias e de segurança pública, se tornará cada vez mais complexa e desafiadora, à medida que atendemos a um número crescente de solicitações governamentais de dados a cada ano”, explica Uttara Sivaram, gerente global de políticas públicas de privacidade e segurança da Uber.
Ainda no relatório, a empresa de transportes também informou que divulgou informações sobre viagens de 34 milhões de usuários para reguladores dos EUA e 1,8 milhão de usuários para reguladores do Canadá.
Segundo a própria Uber, ela é obrigada a fornecer as informações solicitadas como parte dos “requisitos legais e regulatórios sob os quais estamos sujeitos”, que podem incluir locais de retirada e entrega, tarifas e outros dados que possam “identificar passageiros de forma individual.”
Mais empresas na mira do Governo
Nos últimos anos, a Uber não é a única empresa que atende a um número recorde de solicitações governamentais. A Apple, a Amazon, o Facebook e o Twitter já relataram um aumento nas demandasdo poder público ao longo do ano passado, à medida que sua base de clientes continua a crescer e os governos ficam cada vez mais interessados no potencial desses dados coletados.
Apesar do aumento nas solicitações pela lei, a Uber declara que “ainda não recebeu uma solicitação da segurança nacional” até o momento presente. Mas grande parte das demandas da Agência de Segurança Nacional (NSA), são acompanhadas por regras de sigilo que impedem as empresas de divulgar qualquer dado sobre a demanda.
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