A polícia italiana desmantelou um esquema fraudulento posto em prática pela máfia italiana, que levou ao desvio de 36 milhões de euros (cerca de R$ 125 milhões) de verbas para apoio a refugiados, contando com a contribuição preciosa de um padre e de uma associação católica.
Foram detidas 68 pessoas e apreendidos bens e imóveis no valor de 84 milhões de euros (R$ 295 milhões) em um esquema que teria garantido à “Ndrangheta”, a máfia calabresa, benefícios de 36 milhões de euros, enquanto refugiados passavam fome.
No epicentro da fraude está o Centro de Acolhimento de Sant’Anna Cara, em Isola Capo Rizzuto, na Calábria (Itália), que tem capacidade para 1.200 pessoas, sendo um dos maiores espaços de recepção de imigrantes da Itália.
A “Ndrangheta” teria usado a associação católica Confraternita della Misericordia que geria o Centro como fachada para ficar com 36 milhões de euros do total de 103 milhões (R$ 360 milhões) que o Estado italiano gastou, entre 2006 e 2015, no apoio aos imigrantes.
O clã Arena, uma das famílias da máfia calabresa, teria contado com a contribuição de um padre que é um dos detidos do processo e que teria recebido 132 mil euros (R$ 460 mil) por “serviços espirituais” aos imigrantes, reporta o jornal português Diário de Notícias.
“Se havia 500 migrantes para almoçar, só 250 refeições chegavam ao centro. Os outros 250 tinham que comer à noite ou no dia seguinte”, disse o procurador responsável pelo caso, Nicola Gratteri, em coletiva de imprensa.
Além disso, a pouca comida disponibilizada “só daríamos aos porcos”, nota ainda Gratteri, frisando que, enquanto os imigrantes passavam fome, “os responsáveis da Misericordia, o padre e os amigos engordavam, compravam carros de luxo, apartamentos e barcos”.
As autoridades suspeitam que esquemas semelhantes, envolvendo a máfia italiana, possam estar ocorrendo em pelo menos mais dois centros de acolhimento.
// ZAP