O Reino Unido pode vir a proibir a visualização de pornografia nos ônibus, se seguir as recomendações de um comitê que revelou, no Parlamento, que ver filmes para adultos é tão perigoso quanto o consumo de tabaco, e que promove a violência sexual.
O Comitê de Mulheres e Igualdade do Parlamento do Reino Unido apela a que o governo tome medidas urgentes e imediatas para fazer frente ao que considera um novo e grave problema de Saúde Pública: a pornografia.
Durante a apresentação do relatório intitulado “O abuso sexual de mulheres e crianças em locais públicos”, o comitê fala da pornografia como uma ameaça à sociedade, considerando que pode originar violência sexual e que deve ser tratada como outros problemas de saúde, designadamente o consumo de tabaco.
“Os homens que consomem pornografia têm maiores probabilidades de manterem atitudes sexistas e de serem sexualmente agressivos com as mulheres“, salienta o relatório citado pela mídia britânica.
“Há exemplos de comportamentos legais que o governo reconhece como prejudiciais, como o tabaco, que são abordados através de campanhas de Saúde Pública e grandes investimentos projetados para reduzir e prevenir esses danos”, pelo que o Executivo deve tomar medidas semelhantes para enfrentar o que chama de “danos da pornografia“, refere o relatório.
Neste sentido, o comitê propõe o desenvolvimento de programas especiais de prevenção da violência, mas também a proibição de pornografia nos ônibus, entre outras medidas.
“Ver pornografia nos transportes públicos se desenvolveu como uma nova forma de assédio sexual”, aponta-se, apelando ao governo para “proibir a exibição de pornografia nos ônibus”.
O comitê também avança que é preciso implementar nova legislação para que as operadoras de transportes públicos ataquem o problema do assédio sexual, assim como para que tomem medidas para impedir os celulares de acessarem pornografia nos trens e ônibus.
O relatório divulgado pelo comitê inclui dados que indicam que 64% das mulheres britânicas, incluindo 85% com idades entre 18 e 24 anos, já viveram experiências de “atenção sexual indesejada” nos transportes públicos; 35% revelam ter sido tocadas de forma indesejada, enquanto mais de 60% das meninas e jovens disseram que não se sentem seguras caminhando para casa, e muitas que se sentem inseguras na internet.
Por outro lado, o documento fala dos receios de que cada vez mais jovens usem a pornografia como uma fonte de educação sexual, dada a facilidade de acesso através da internet.
“Há preocupações específicas sobre o papel da pornografia no contributo para atitudes lesivas para com as mulheres e jovens, fornecendo um contexto onde o assédio sexual se concretiza”, nota o relatório.
O comitê também cita um estudo de 2016 intitulado “A pornografia, a violência sexual, o abuso e o ‘sexting‘ [envio de conteúdo sexual pessoal] nas relações íntimas entre os jovens: um estudo europeu”, que concluiu que “há uma relação entre o consumo de pornografia e as atitudes sexistas e as condutas sexualmente agressivas que incluem a violência”.
Ciberia // ZAP