O governador de Porto Rico elevou o balanço oficial de mortos na ilha pelo furacão Maria de 64 para 2.975, após um novo estudo encomendado pelo governo, segundo o qual as mortes provocadas pela tempestade foram severamente subestimadas.
O estudo foi divulgado nesta terça-feira (28) pelas autoridades de Porto Rico, um estado livre associado dos Estados Unidos.
O governador Ricardo Rosselló disse que está criando uma comissão para implementar as recomendações do novo relatório. Será ainda criado um registro das pessoas mais vulneráveis em Porto Rico como os idosos, doentes ou pessoas que fazem hemodiálise, para realizar ações de prevenção em futuras tempestades ou furacões.
A nova estimativa de 2.975 mortos, divulgada seis meses depois de o furacão Maria ter devastado a ilha, em setembro de 2017, foi feita por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública do Instituto Milken, na Universidade George Washington.
“Os resultados deste estudo sugerem que, tragicamente, o furacão Maria produziu um número maior de mortes em toda a ilha. Certos grupos – aqueles em áreas mais pobres e os mais idosos – enfrentaram os maiores riscos”, explicou Carlos Santos-Burgoa, pesquisador principal do Instituto Milken.
O furacão Maria, de categoria 4, teria provocado mais mortos que o Katrina, que devastou Nova Orleans, nos Estados Unidos, em 2005, causando mais de 1.880 mortes. Mais de 80% das famílias em Porto Rico não tiveram acesso à rede elétrica durante os últimos três meses de 2017 e a situação só foi totalmente resolvida este ano.
O governo de Porto Rico já havia dado um primeiro passo este mês para esclarecer a questão polêmica ao notificar, por carta, o Congresso norte-americano sobre outro relatório relacionado com a recuperação da ilha após o furacão, que incluía um número atualizado de 1.427 mortes.
Inicialmente, apesar da insistência constante de acadêmicos e outras organizações de que o número real de mortos era muito mais alto do que o inicialmente estimado, o fato é que tanto as autoridades da ilha quanto o governo federal em Washington reduziram repetidamente a intensidade das consequências da devastação do furacão.
Em outubro, durante uma visita a Porto Rico, Donald Trump disse que a passagem do furacão Maria não tinha sido “uma verdadeira catástrofe” como a do furacão Katrina, destacando o baixo número de vítimas mortais (na altura, 64 era o número oficial de mortos).
Mesmo assim, Trump alertou que o orçamento federal ficará “defasado” como resultado dos sérios danos e da necessidade de financiamento para a reconstrução de infraestrutura e serviços básicos na ilha.
Ciberia, Lusa // ZAP