Preguiça pode ser boa estratégia de sobrevivência

A preguiça pode ser uma boa estratégia de sobrevivência das espécies, podendo a extinção estar relacionada com a taxa metabólica, tornando mais aptos, se não os mais preguiçosos, pelo menos os mais lentos.

As conclusões são de um estudo feito com fósseis de bivalves e gastrópodes do oceano Atlântico, publicado nesta terça-feira (22) na revista Proceedings of the Royal Society B.

A pesquisa, realizada por uma equipe de cientistas da Universidade do Kansas (EUA), envolveu uma grande quantidade de dados sobre fósseis de bivalves e gastrópodes do oceano Atlântico e concluiu que a preguiça pode ser uma estratégia bem-sucedida para a sobrevivência de um indivíduo, de uma espécie ou até de um conjunto de espécies.

Segundo o estudo, foram analisadas as taxas metabólicas – a quantidade de energia que os organismos precisam para viver no dia a dia – de 299 espécies em um período de 5 milhões de anos, desde o período do Plioceno até o presente.

Questionando se é possível medir a probabilidade de extinção de uma espécie tendo em conta a absorção de energia pelos organismos dessa espécie, Luke Strotz, cientista pós-doutorando do Instituto de Biodiversidade e Museu de História Natural da Universidade, dá a resposta:

“Encontramos uma diferença entre as espécies de moluscos que foram extintas nos últimos 5 milhões de anos e as que ainda existem hoje: as que foram extintas tendem a ter taxas metabólicas mais altas”.

Bruce Lieberman, coautor do estudo, adianta que “talvez a longo prazo a melhor estratégia evolutiva para os animais é usar a lassitude e a lentidão – quanto mais baixa a taxa metabólica maior a probabilidade de a espécie sobreviver”.

“Em vez da ‘sobrevivência do mais apto’, talvez a melhor metáfora para a história da vida seja a ‘sobrevivência do mais preguiçoso’, ou pelo menos ‘a sobrevivência do mais lento’”, acrescenta.

Os cientistas dizem que o estudo pode dar uma importante contribuição nas previsões sobre que espécies podem desaparecer durante a mudança climática que se aproxima, afirmando que a taxa metabólica não será o principal fator de extinção e que há muitos fatores, mas que é mais uma “ferramenta” para ajudar a determinar a probabilidade de extinção de uma espécie.

Os pesquisadores concluíram também que o indicador de taxa metabólica estava mais relacionado com a extinção quando as espécies viviam em um habitat menor. “Descobrimos que as espécies amplamente distribuídas não mostraram a mesma relação entre a extinção e o metabolismo que as espécies com uma distribuição confinada”.

A equipe quer agora, na mesma linha de pesquisa, entender em que medida a taxa metabólica tem influência na propensão para a extinção de outros tipos de animais. “Nós vemos estes resultados como generalizáveis a outros grupos, pelo menos dentro do meio marinho”, sustentou Strotz.

Por isso, acrescenta, o próximo passo será verificar a consistência com outros dados de outros grupos, até para saber se trata-se apenas de um fenômeno relacionado com os moluscos. Ou se pode ser generalizado até mesmo aos vertebrados que andam na terra.

Entretanto, vale lembrar que os Homo Erectus, antepassados dos humanos, foram extintos talvez por serem preguiçosos demais. Por isso, vale a reflexão antes de pensar em optar por um estilo de vida mais “lento”.

Ciberia // ZAP

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