O governo chinês proibiu a venda da Bíblia em livrarias online de todo o país, de modo a cumprir com as novas normas que exigem um controle na literatura que não esteja de acordo com os “valores centrais do socialismo”.
Numa tentativa de controlar as práticas religiosas de seus cidadãos, as autoridades chinesas ordenaram a retirada da Bíblia das livrarias online.
Dentre as religiões majoritárias no país asiático, o cristianismo é a única cujo o livro não pode ser adquirido pelos canais comerciais habituais, já que era considerado um texto “para distribuição interna”. Embora a Bíblia seja impressa no país asiático, somente as igrejas controladas pelo Estado têm o poder de distribuí-la e vendê-la em seus espaços.
Segundo o El Mundo, isso fez com que a aquisição através de plataformas de venda na internet tivesse um aumento significativo durante os últimos anos, uma alternativa que agora parece ter chegado ao fim.
A medida entrou em vigor na quinta-feira (5) e, na sexta-feira (6), as principais lojas online do país já não tinham o livro sagrado à venda. Lojas como a Amazon ou a Taobao preferiram não comentar a medida.
A política estabelece que as comunidades religiosas chinesas devem seguir a direção do partido comunista, praticar os valores centrais do socialismo e desenvolver e expandir a tradição chinesa.
A nova regulamentação vai de encontro com um esforço de longa data do governo chinês de limitar a influência do cristianismo no país. O reforço das regras é acompanhado também por um esforço de Xi Jinping de promover as religiões tradicionais, como o taoismo e o budismo.
As autoridades têm reforçado o controle e a vigilância sobre algumas religiões, como o islamismo e o cristianismo, que viveram nos últimos anos uma campanha de demolição de cruzes, o fechamento de igrejas e prisão de alguns de seus líderes espirituais.
“Há uma tendência geral do presidente Xi Jinping de controlar mais estritamente a religião, especialmente o cristianismo”, disse William Nee, cientista da Anistia Internacional, à CNN. “É um absurdo que o governo alegue promover a liberdade religiosa enquanto proíbe a venda da Bíblia”, acrescentou.
A medida surpreendeu muita gente, num momento em que Pequim e Vaticano estão em negociações para pôr fim à divisão histórica entre a Igreja Católica controlada pelo Estado chinês e a igreja clandestina que tem crescido no país.
Embora as negociações progredissem, ainda não houve acordo sobre questões tão importantes como quem irá deter o poder de nomear um bispo, uma condição que nenhuma das partes está disposta a renunciar.
Ciberia // ZAP