Antes céticos em relação às criptomoedas, hoje bancos do mundo todo se unem para desenvolver o seu próprio dinheiro digital. Enquanto isso, o sistema SWIFT vai perdendo força.
Em uma entrevista ao canal Bloomberg, o CEO da Ripple, Brad Garlinghouse, afirmou recentemente que as soluções de pagamentos baseadas na criptomoeda chegaram para ficar, e em breve irão substituir o SWIFT, um sistema de propriedade dos bancos que existe desde a década de 1970.
“O Ripple garante eficiência, agilidade e, principalmente, redução de custos”, disse Garlinghouse durante a entrevista. “Nosso plano é competir com o SWIFT e ganhar mercado cobrindo todas as suas deficiências.”
A entrevista à Bloomberg foi a resposta de Garlinghouse aos rumores que tomaram conta do mercado em 2018, dizendo que o Ripple e a SWIFT iriam se unir.
SWIFT, ou Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication, é uma sociedade de bancos do mundo todo que gere o BIC, Bank Identifier Code, código que permite a identificação de instituições bancárias por meio de um conjunto de números. Esse código é o sistema mais utilizado atualmente em transações financeiras internacionais.
Um exemplo da sua perda de força foi a saída de bancos importantes que faziam parte do pool, como o Standard Chartered, o National Commercial Bank da Arábia Saudita, o PNC Bank dos Estados Unidos e muitos outros, principalmente de economias emergentes do Sudeste Asiático.
A rede Ripple hoje conta com cerca de 200 parcerias em mais de 100 países. Apesar de parecer pouco, se comparado às 11.000 parcerias do SWIFT, as empresas que usam o software da Ripple, o xCurrent, incluem alguns dos principais provedores internacionais de pagamentos, que operam em vários países.
Um dessas parcerias é com a American Express, uma das mais importantes emissoras de cartões de crédito do mundo. Um artigo no site da empresa afirma que as transferências internacionais via SWIFT são lentas, levando até dias para ser concluídas, de alto custo e difíceis de serem rastreadas.
Em comparação, as transferências realizadas com o software da Ripple têm liquidação imediata, em segundos, além de custos mais baixos e transparentes.
A resposta da SWIFT
O crescimento da Ripple fez com que a SWIFT se mexesse: lançado em 2017, o SWIFT GPI (Global Payments Innovation) promete transferências em até 24 horas, acompanhamento de ponta a ponta e transparência nos custos.
Embora o GPI utilize a mesma rede do SWIFT tradicional, as empresas participantes dessa rede assinam um novo contrato de nível de serviço (SLA), que as compromete com o processamento dos pagamentos de ponta a ponta no mesmo dia e transparência de taxas.
Um rastreador baseado em nuvem permite aos bancos monitorar o status do pagamento à medida que ele se move ao longo da cadeia de correspondentes bancários e atinge a conta do destinatário.
A SWIFT disse recentemente que o GPI já foi adotado por 450 bancos, responsáveis por 80% dos pagamentos internacionais. Mais de 300 bilhões de dólares passam pela rede GPI diariamente. Segundo a empresa, 50% desses pagamentos foram creditados em menos de 30 minutos e 40% em cinco minutos.
A verdade é que o segmento bancário nunca se sentiu tão desafiado, até o surgimento da tecnologia blockchain e das fintechs. Antes céticos em relação às criptomoedas, hoje bancos do mundo todo se unem para desenvolver o seu próprio dinheiro digital. Outras novidades aparecem a todo momento.
E nessa briga, quem sai ganhando no fim das contas é o consumidor, que está podendo desfrutar de serviços mais rápidos, mais transparentes e mais baratos.