A Sonda LRO descobriu por acaso nas crateras claras do polo sul da Lua novos estoques de gelo, o que faz aumentar significativamente as reservas de água no satélite da Terra, diz o artigo publicado no jornal Icarus.
“Sempre pensávamos que o gelo na Lua devia se concentrar em lugares onde a temperatura é suficientemente baixa para a sua formação, mas, na verdade, nem sempre é assim, e esta peculiaridade da Lua há muito tempo que provoca nosso interesse”, disse Matthew Siegler, pesquisador do Instituto da Ciência Planetária em Tucson, EUA.
“Agora temos bastantes dados para começar a resolver o enigma, ou seja, saber como é que esta água apareceu. Isso é importante tanto para a colonização da Lua, como para saber como surgiu a água na Terra”, acrescentou Siegler.
Uma das principais descobertas da sonda LRO, a Lunar Reconnaissance Orbiter, foram os vestígios da presença de água na cratera Cabeus, no polo sul da Lua. Além disso, a LRO encontrou “zonas específicas de pergelissolo”, aonde os raios do Sol não penetram e onde, em teoria, o gelo deve existir eternamente.
O papel-chave nesta descoberta foi desempenhado pelo detetor neutrónico russo LEND, Lunar Exploration Neutron Detector, que mostrou aos cientistas da NASA e seus colegas russos os pontos no polo sul onde a proporção possível de gelo e água é máxima.
Esta descoberta faz agora com que os cientistas tentem perceber de onde veio a água e como é que o gelo se manteve sem se evaporar sob os raios do Sol.
As novas reservas de gelo, que cientistas não conheciam, foram descobertas pela equipe de Siegler graças a dois aparelhos da LRO que conseguem medir as mínimas alterações de temperatura na superfície da Lua.
Usando o equipamento da LRO, os cientistas elaboraram dois mapas especiais da Lua — um com as regiões da Lua mais quentes e outro com as zonas que melhor refletem os raios do Sol.
A combinação destes parâmetros, segundo Siegler, permite encontrar com alta precisão as reservas de gelo, pois a água gelada em geral é mais fria do que o solo “seco” lunar e, ao mesmo tempo, reflete melhor a luz.
Até agora, os especialistas da NASA e seus colegas russos buscaram jazidas de gelo na Lua somente nas crateras escuras e frias nos polos do satélite da terra, aonde os raios do Sol não penetram nunca ou quase nunca e, por isso, o gelo não se funde e não se evapora.
Mas os dados da LRO mostraram que tal método estava errado — foi descoberto que as reservas de gelo estão concentradas não somente nas crateras frias e escuras, mas também nas claras e mais quentes no polo sul da Lua.
Esta descoberta complica ainda mais o enigma das reservas de água na Lua.
Apesar da grande distância entre ela e o Sol, na Lua há quatro vezes menos gelo do que em Mercúrio, o primeiro planeta do Sistema Solar. Os cientistas não sabem o porquê deste fenômeno, mas esperam que novas observações da LRO ajudem a encontrar a resposta.
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