Apesar de diminuição dos casos, epidemia do coronavírus não acabou no Brasil e segunda onda da COVID-19 pode acontecer a qualquer momento, disse médica à Sputnik Brasil.
Na terça-feira (27), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou nota técnica alertando para “o aumento do número de casos nas últimas semanas, em algumas regiões do mundo, como em países da Europa e nos Estados Unidos”.
Segundo o órgão, esse fato ressalta a “necessidade de intensificação das medidas nacionais de prevenção e controle de novos casos de infecção” pelo coronavírus. Devido à chamada segunda onda da COVID-19, países como Espanha, França e Itália aumentaram as medidas de isolamento social para conter a disseminação da doença.
Segundo a pediatra Isabella Ballalai, ex-vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, o alerta da Anvisa “chamando a atenção para que todos se preparem para uma possível segunda onda não é nada de novo”.
“No Brasil a gente ainda vive um platô de casos. A gente teve uma boa diminuição de casos, hospitalizações e óbitos pela COVID-19, mas esse platô se mantém”, disse a especialista.
Brasil registra 510 mortes e 28.629 casos
Segundo boletim do Ministério da Saúde divulgado nesta quinta-feira (29), o Brasil registrou mais 510 mortes pela COVID-19, fazendo total de óbitos alcançar 158.456. A pasta informou ainda que foram contabilizados 28.629 novos casos da doença. Total de infectados é de 5.468.270.
Ballalai diz que “só o tempo vai dizer se o Brasil vai seguir o mesmo padrão da Europa”, mas é “importante entender que a pandemia não acabou” no país.
“Ainda não estamos em pós-COVID-19, ou pós-pandemia, como muitos falam. A gente precisa ter cuidado, e a questão do preparo das autoridades e da estrutura de saúde é para que a gente não seja pego de surpresa mais uma vez”, afirmou a médica.
Guedes: Governo atuaria “da mesma forma”
Nesta quinta-feira (29), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que se houver uma segunda onda do coronavírus no Brasil o governo vai trabalhar “da mesma forma” que atuou ao longo dos últimos meses.
Segundo Ballalai, essa segunda onda, ou um aumento do número de casos, “pode acontecer a qualquer momento“.
De acordo com a nota técnica da Anvisa, “o serviço de saúde deve garantir que as políticas e as boas práticas internas minimizem a exposição a patógenos respiratórios, incluindo o SARS-CoV-2”.
“Desta forma, as medidas de prevenção e controle devem ser implementadas em todas as etapas do atendimento do paciente no serviço de saúde, desde sua chegada, triagem, espera, durante toda a assistência prestada, até sua a sua alta/transferência ou óbito”, continua o documento.
De acordo com a médica, a população também precisa estar consciente dos riscos do coronavírus e evitar o contágio.
“É importante ressaltar que os cuidados se mantêm. Sair de casa, para onde e porque deve ser uma decisão bastante responsável. Ainda estamos em situação de pandemia“, disse.
“Polarização política” da vacina
A pediatra se mostra confiante nas pesquisas para a produção de uma vacina, mas diz que é impossível saber quando teremos um imunizante aprovado, distribuído e aplicado na população.
Ela critica ainda o que chamou de “polarização política de assuntos da saúde”, o que, segundo a médica, gera “insegurança na população”.
“As pesquisas mostram que a população se sente segura e confia em vacina ou na saúde quando confia nas autoridades. Polarização só serve para deixar todos em dúvidas, todos com mais preocupação e medo nesse cenário que a gente vive, que é muito grave”, argumentou a especialista.
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