Uma equipe internacional de astrônomos, incluindo físicos da Universidade de St. Andrews (Reino Unido), ressuscitou uma teoria da gravidade anteriormente descartada, argumentando que os movimentos dentro de galáxias anãs seriam mais lentos se comparados a uma galáxia massiva.
A equipe de pesquisa examinou uma ideia previamente publicada na revista Nature que afirmava que a teoria MOND (Modified Newtonian Dynamics) não podia ser verdadeira porque os movimentos internos eram muito lentos no interior da galáxia anã NGC 1052-DF2, uma galáxia pequena com cerca de 200 milhões de estrelas.
A teoria MOND é uma controversa alternativa à relatividade geral, a compreensão predominante e inspirada de Einstein do fenômeno da gravidade, que requer a existência da matéria escura, mas que até agora nunca foi provada. A teoria MOND não requer matéria escura.
Tais teorias são essenciais na compreensão do Universo, dado que segundo a física conhecida, as galáxias giram tão rapidamente que deveriam se fragmentar.
Foram apresentadas várias teorias para explicar o que as mantém unidas, e o debate continua sobre qual seria a correta. O estudo agora derrotado afirmava que MOND estava morta. No entanto, esse estudo mais recente – também publicado na Nature – mostra que o trabalho anterior negligenciou um efeito ambiental sutil.
A nova pesquisa argumenta que o trabalho anterior não considerou que a influência do ambiente gravitacional em torno da anã podia afetar seus movimentos interiores. Em outras palavras, se a anã estivesse perto de uma galáxia massiva – o que é o caso – então os movimentos dentro da anã seriam mais lentos.
O autor principal Pavel Kroupa, professor da Universidade de Bona e da Universidade Charles em Praga, diz: “Houve muitas afirmações prematuras sobre a morte da teoria MOND em publicações muito influentes. Até agora, nenhuma resistiu ao escrutínio detalhado.”
As galáxias giram tão rapidamente que deviam se fragmentar, de acordo com a física conhecida. Duas teorias atuais explicam isso – a primeira coloca um halo de matéria escura em redor de cada galáxia. No entanto, as partículas de matéria escura nunca foram descobertas, apesar de muitas décadas de pesquisas muito sensíveis, frequentemente usando grandes detectores.
A segunda é a MOND, que explica uma vasta riqueza de dados sobre as velocidades de rotação galática usando apenas as estrelas e o gás.
A MOND faz isso com uma receita matemática que fortalece a gravidade do material visível, mas somente quando fica muito fraca. Caso contrário, a gravidade seguiria a lei convencional de Newton, por exemplo no Sistema Solar – ou perto de uma galáxia massiva.
O Dr. Indranil Banik, da Escola de Física e Astronomia da Universidade de St. Andrews, que em breve será da Universidade de Bona, realçou: “É notável que a MOND ainda faça previsões tão bem-sucedidas baseadas em equações escritas há 35 anos.”
O Dr. Hongsheng Zhao, da Escola de Física e Astronomia da Universidade de St. Andrews, acrescentou: “Nossa modelagem do efeito ambiental MOND foi posteriormente confirmada por outro grupo.”
Hosein Haghi, professor de física no Instituto de Estudos Avançados em Ciências Básicas, Irã, disse: “Esse efeito é conhecido há muito tempo. Os autores da Nature desconheciam nossos artigos sobre sua inclusão.”