A Turquia começou a repatriar nesta segunda-feira (11/11) jihadistas estrangeiros do grupo terrorista “Estado Islâmico” (EI) que foram capturados no norte da Síria. Um alemão, um dinamarquês e um americano foram os primeiros deportados por Ancara.
As deportações ocorrem pouco mais de uma semana após o ministro do Interior turco, Suleyman Soylu, afirmar que o país não era um “hotel” para jihadistas e criticar os países ocidentais que relutavam em receber de volta seus cidadãos que haviam se juntado ao EI. Soylu anunciou ainda que serão deportados até mesmo combatentes que tiveram suas cidadanias revogadas.
Vários países europeus, incluindo o Reino Unido, a Alemanha e a Dinamarca, retiraram a cidadania de jihadistas que se juntaram ao EI na Síria e Iraque para tentar evitar o retorno deles. Somente o Reino Unido revogou a cidadania de mais de 100 pessoas por se juntarem a grupos terroristas no exterior.
O porta-voz do Ministério do Interior, Ismail Catakli, disse que os deportados estavam detidos em centros de deportação turcos enquanto aguardavam o procedimento, sem especificar para onde eles foram enviados. Ancara, porém, anunciou que os combatentes voltarão para seus países de origem.
O ministro da Justiça dinamarquês, Nick Hakkerup, afirmou que cidadãos do país que lutaram com o “Estado Islâmico” e forem repatriados serão punidos “o mais severamente possível”. Segundo um jornal local, o atual deportado enfrenta acusações de terrorismo na Dinamarca. Ele foi para a Síria em 2013 e teria ficado gravemente ferido num ataque a bomba em 2017, desde então usa cadeira de rodas.
A Alemanha disse que não recusará a entrada de seus próprios cidadãos, mas afirmou que o deportado nesta segunda-feira não estaria envolvido com o EI. Segundo Catakli, outros “sete terroristas alemães” serão repatriados até 14 de novembro.
O Ministério do Exterior da Alemanha confirmou que sete combatentes alemães do EI serão deportados, além de duas crianças, nos próximos dias. Serão deportados outros 13 cidadãos europeus, entre eles franceses e irlandeses.
“Os esforços para identificar a nacionalidade dos combatentes estrangeiros capturados na Síria foram concluídos, com os interrogatórios 90% completos e os países de origem notificados”, informou Catakli.
De acordo com Ancara, cerca de 1.200 jihadistas do EI estão em prisões turcas e outros 287, incluindo mulheres e crianças, foram recapturados durante a ofensiva da Turquia no norte da Síria. O país pretende repatriar até 1.300 combatentes estrangeiros. Aproximadamente 11 mil de integrantes do grupo extremista estão detidos em prisões sírias. Estima-se que um quinto destes combatentes sejam europeus.
A onda de deportações foi impulsionada após os países ocidentais não apoiarem a ofensiva turca contra combatentes curdos, considerados terroristas por Ancara, no nordeste da Síria. Milícias curdas foram uma das principais forças na luta contra o “Estado Islâmico”. Muitos países temem que os ataques atuais contra o grupo possam levar ao ressurgimento do EI.
Durante anos, a Turquia foi acusada de fazer vista grossa para a entrada de simpatizantes estrangeiros do EI na Síria. A fronteira com o país era a principal rota para aqueles que desejam se unir ao grupo extremista. Ancara sempre negou as acusações e posteriormente intensificou a segurança em suas fronteiras e aeroportos.