Vários terroristas franceses do Estado Islâmico (EI) continuaram a receber subsídios de desemprego e benefícios familiares pagos pelo Estado francês, enquanto combatiam na Síria. Estão em causa verbas superiores a 2 milhões de euros que serviram para financiar o grupo terrorista.
A descoberta é do grupo de pesquisadores que as autoridades francesas destacaram para desvendar as linhas de financiamento do autodenominado Estado Islâmico.
De acordo com dados divulgados pelo jornal Le Figaro, 20% dos combatentes franceses identificados na Síria continuaram a receber subsídios da Segurança Social francesa.
Estão em causa prestações de benefícios à famílias e subsídios de desemprego que eram levantados por pessoas próximas dos jihadistas, como familiares, e depois enviados para a Síria.
“Munidos dos seus cartões com fotos, familiares recebiam os fundos do Centro de Emprego ou do Fundo de Abono Familiar antes de os enviarem, por mandato, em direção às zonas de combate via Turquia”, explica um dos agentes envolvidos na investigação ao jornal Le Figaro.
Só em 2016, foram descobertas 420 transferências fraudulentas, envolvendo valores de mais de 2 milhões de euros, refere o diário. Em 2012 e em 2017, teriam sido enviados para a Síria 500 mil euros.
As autoridades já identificaram 190 pessoas na França, que seriam responsáveis por essas transferências fraudulentas, refere o Le Figaro.
O jornal acrescenta que uma investigação internacional, contando com agentes franceses do gabinete responsável pela grande criminalidade financeira e da unidade antiterrorista, e também com agentes da Europol, levou à detecção de 210 coletores do dinheiro enviado para os jihadistas, de nacionalidades turca e libanesa.
O esquema teria sido usado por integrantes do EI em vários países da Europa, pelo que esses Estados acabaram por financiar indiretamente o grupo terrorista.
Na França, para evitar que se repita o mesmo, a polícia comunica habitualmente à Segurança Social os nomes dos beneficiários que deixaram o país.
Ciberia // ZAP