União Europeia já encomendou 400 milhões de doses do imunizante produzido nos EUA. Por ser mais fácil de armazenar e aplicada em apenas uma dose, vacina exige logística de distribuição mais simples que concorrentes.
Após aprovação pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), a Comissão Europeia autorizou nesta quinta-feira (11/03) o uso da vacina contra covid-19 da Johnson & Johnson. O imunizante é o quarto a receber luz verde na União Europeia (UE) e se soma às vacinas da Pfizer-BioNTech, da AstraZeneca-Oxford e da Moderna. A UE já encomendou 400 milhões de doses da vacina, que é produzida pela Janssen, unidade farmacêutica da J&J.
“Estão chegando ao mercado vacinas mais seguras e eficazes”, escreveu a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no Twitter. “Acabamos de autorizar o uso da vacina da Johnson & Johnson’s na UE. Com o número de doses que encomendamos, poderíamos vacinar até 200 milhões de pessoas na UE.”
Ao contrário dos outros imunizantes já aprovados no bloco europeu, que requerem a administração de duas doses, a vacina da Johnson & Johnson é aplicada em dose única, o que facilita a logística de campanhas de vacinação. A vacina está sob revisão contínua do órgão regulador desde dezembro de 2020.
No fim de janeiro, a Johnson & Johnson informou que o imunizante tem eficácia média de 66% na prevenção da covid-19. Os testes foram feitos em três continentes, e a vacina mostrou resultados robustos, em diferentes níveis, também contra mutações do coronavírus, sobretudo para evitar casos graves.
No ensaio com quase 44 mil voluntários, o nível de proteção contra a covid-19 moderada e severa variou de 72% nos Estados Unidos a 66% na América Latina e 57% na África do Sul, onde uma variante preocupante se espalhou. Contra casos graves da doença e hospitalizações, a eficácia foi de 85%. Os testes da fase três também ocorreram no Brasil.
A menor eficácia em relação a vacinas de empresas concorrentes é parcialmente explicada pelo fato de que os ensaios clínicos foram conduzidos mais tarde do que os de outros imunizantes, quando variantes mais agressivas do coronavírus já se tornavam dominantes.
A vacina da J&J pode ser armazenada por pelo menos três meses em temperaturas de 2 ºC a 8 ºC. Em temperaturas de 20 ºC negativos, ela pode ficar estável por dois anos.
O uso emergencial da vacina da J&J foi autorizado nos Estados Unidos no final do mês passado. O Bahrein, foi o primeiro país a aprová-la.
A empresa sediada em Nova Jersey também está buscando a aprovação da Organização Mundial de Saúde (OMS). A necessidade de apenas uma dose e o fácil armazenamento a torna uma candidata adequada para uso em larga escala global, inclusive em áreas rurais.
A empresa afirmou que pretende produzir cerca de 1 bilhão de vacinas até o final do ano.
Três outros imunizantes contra covid-19 estão sob revisão contínua da EMA: o da alemã CureVac, o da americana Novavax e a russa Sputnik V. A revisão contínua permite que o órgão regulador acelere seu processo de revisão observando os dados conforme são divulgados pelas empresas, em vez de fazer isso de uma única vez.
Vacinação lenta na Europa
A UE tem sido duramente criticada pela lentidão de suas campanhas de vacinação, ficando bem atrás do índice de imunização da população de países como Israel, Estados Unidos e Reino Unido.
De acordo com o site Our World in Data, da Universidade de Oxford, a UE, com uma população de cerca de 450 milhões de pessoas, havia administrado até terça-feira apenas cerca de 43 milhões de doses. Para comparação, os Estado Unidos, com população de cerca de 328 milhões, já havia aplicado aproximadamente 93 milhões de doses.
A Europa também vive uma alta nos casos de covid-19, à medida que novas variantes do coronavírus se espalham pelo continente. Somente na semana passada, foram 1 milhão de novos casos, um aumento de 9% em relação à semana anterior.
Além disso, o bloco europeu está envolvido em disputas com a AstraZeneca sobre a entrega insuficiente de vacinas já acordadas.