A United Continental Holdings, dona da United Airlines, perdeu milhões na bolsa norte-americana depois de um passageiro ter sido retirado à força de um avião da companhia aérea devido à falta de lugares.
Durante a manhã de terça-feira (11), as ações da empresa chegaram a cair quase 4%, fazendo com que a companhia avaliada em mais de 22 bilhões de dólares em valor de mercado perdesse, pelo menos, 830 milhões de dólares (cerca de R$ 2,5 bilhões).
Durante a tarde, as perdas abrandaram para cerca de 1,5%, ou seja, cerca de 250 milhões de dólares (cerca de R$ 775 milhões) de capitalização na bolsa.
O presidente da transportadora aérea United Airlines já pediu desculpas a David Dao, o passageiro que foi expulso violentamente do avião da companhia em Chicago, 48 horas depois do incidente que provocou indignação em todo o mundo.
“Apresento as minhas desculpas mais sinceras ao passageiro que foi desembarcado brutalmente do avião. Ninguém dever ser tratado daquela maneira”, escreveu Oscar Munoz, em comunicado, qualificando o incidente como “verdadeiramente horrível”.
No texto, garantiu que a empresa “assume as suas responsabilidades e vai compor as coisas”, acrescentando que “nunca é tarde demais para fazer o bem”.
Os advogados do passageiro indicaram que ele continuava internado e que não iria fazer qualquer declaração nos próximos tempos.
A Casa Branca também lamentou o incidente, que classificou como “infeliz”. O porta-voz Sean Spicer afirmou que “é perturbador ver como tudo foi gerido“.
Andy Holdsworth, um especialista em comunicação de crise na empresa britânica Bell Pottinger, considerou o episódio como “um desastre em matéria de relações públicas“.
Dos EUA à China, passando pela Europa e América Latina, o incidente provocou reações indignadas e apelos ao boicote da empresa, depois que viralizaram-se vídeos filmados por outros passageiros monstrando o homem arrastado pelo corredor, sangrando na cabeça, depois de a ter batido no braço da poltrona de onde foi arrancado pela polícia do aeroporto.
Perante o escândalo, o Departamento dos Transportes abriu um inquérito “para determinar se a companhia aérea respeitou as regras em matéria de overbooking” e um dos seguranças da companhia foi suspenso.
O overbooking é uma técnica comercial que permite que as companhias aéreas vendam mais lugares do que os existentes no avião.
A United Airlines comprometeu-se a fazer um inquérito interno para examinar e rever a gestão de situações de overbooking e a política de indenizações, cujas conclusões devem ser anunciadas no dia 30 de abril.
As empresas aéreas norte-americanas podem obrigar os passageiros a saírem dos aviões para os quais haja mais bilhetes vendidos do que lugares disponíveis, em troca de indenizações se não conseguirem voluntários suficientes para abandonarem o voo.
A United Airlines esclareceu que propôs 800 dólares aos passageiros que quisessem renunciar ao lugar no voo de domingo, entre Chicago e Louisville, no centro-este do país. Sem voluntários, sorteou passageiros para sair do avião.
“Quando alguém compra um bilhete de avião, aceita as condições de venda que dão direitos importantes à empresa aérea”, destacou Robert Mann, do gabinete R. W. Mann & Company.
“Desde que esteja a bordo, tem que seguir as ordens da tripulação. Se estiver no terminal de embarque, a companhia pode decidir que essa pessoa não embarca, mesmo que tenha bilhete. Uma vez a bordo, qualquer passageiro pode ser expulso à força”, disse o analista.
Cerca de 46 mil passageiros, em média, têm de sair de aviões nos EUA, devido a situações de overbooking, mas, por norma, os casos são resolvidos através de um compromisso.
// ZAP
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