Um grupo de médicos descobriu uma fonte improvável para a criação de medicamento que pode evitar danos cerebrais causados por um acidente vascular cerebral: o veneno de uma das aranhas mais mortíferas do mundo.
Segundo o jornal britânico The Guardian, uma picada de uma aranha australiana pode matar um humano em 15 minutos, mas um ingrediente inofensivo encontrado no veneno pode proteger as células cerebrais de serem destruídas por um AVC.
Os especialistas descobriram a molécula protetora à medida que analisaram o veneno da aranha “teia de funil”, da espécie Hadronyche infensa, encontrada em Queensland e Nova Gales do Sul.
“Acreditamos que encontramos uma maneira de minimizar os efeitos de um acidente vascular cerebral”, revelou Glenn King, professor do Instituto de Biociência Molecular e um dos autores do estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences.
A molécula Hi1a, encontrada no DNA das toxinas presentes no veneno das aranhas desta espécie, destacou-se por ser semelhante a outro produto químico de proteção de células cerebrais unidas. A descoberta foi tão intrigante que os cientistas decidiram sintetizar o composto e testar os seus poderes.
Nas experiências realizadas com cobaias, a equipe de cientistas concluiu que uma pequena dose da molécula de veneno de aranha protegeu os neurônios de acidentes vasculares cerebrais induzidos.
O composto bloqueia os chamados canais iônicos nas células, que os cientistas dizem ser os principais responsáveis pelos danos cerebrais após um AVC.
Glenn King adiantou que a administração da molécula Hi1a duas horas após o AVC reduziu a extensão dos danos cerebrais em cobaias em 80%. Mas o composto ainda foi eficaz oito horas após o derrame cerebral, reduzindo a quantidade de danos em cerca de 65% comparativamente a outros animais não tratados.
Os cientistas pretendem iniciar os testes em humanos nos próximos dois anos. Se as próximas experiências forem bem sucedidas, este pode ser o primeiro passo para evitar as consequências causadas por derrames cerebrais, visto que atualmente não existem medicamentos no mercado que previnam esse tipo de lesões.
// ZAP