Um importante conjunto de vestígios da época romana, como fragmentos de estátuas e uma estrutura monumental, foi descoberto em escavações do Campo Arqueológico de Mértola (CAM), vila portuguesa na região do Alentejo (sul do país).
Os trabalhos são realizados há dois meses, na Casa Cor de Rosa, um edifício situado na parte mais antiga de Mértola em uma obra de responsabilidade da prefeitura.
Segundo o CAM, em comunicado divulgado nesta quarta-feira (9), as escavações já permitiram identificar e escavar “estruturas com uma abrangência cronológica”, que vai “desde o século XX até o período pré-romano”, por volta dos séculos IV ou III a.C.
Dos resultados obtidos até o momento, revelou Susana Gómez, do CAM, o destaque vai para os achados do período romano, o primeiro “conjunto importante” dessa época encontrado ‘in situ’ em Mértola, ou seja, no contexto de escavações.
Ao longo dos anos, lembrou, o CAM encontrou, na vila alentejana, “vestígios muito importantes e que são bem conhecidos do período islâmico” em Portugal, mas os que foram descobertos agora são mais antigos e seriam da época romana.
“Havia e são conhecidas outras estátuas encontradas em Mértola”, mas essas “tinham sido descobertas acidentalmente ou são muito antigas, feitas no século XVI”, e que “fazem parte das coleções dos museus nacionais”, acrescentou.
Neste caso, destacou Susana Gómez, “é a primeira vez” que esculturas romanas “aparecem em uma escavação arqueológica”, o que permite “extrair mais informação e, sobretudo, contextualizar”, tendo, por isso, maior importância: “o achado no seu contexto vale muito mais. A grande descoberta se deve a isso”.
Segundo o CAM, a estrutura monumental, “construída com pedra e forte argamassa de cal e que tem dois metros de largura”, foi encontrada “nos níveis mais profundos da escavação”.
“Destas estruturas se infere uma construção, com cerca de 11 metros de lado, que ainda conserva restos de paredes argamassadas e rebocos com pintura”, explicou o Campo Arqueológico.
O conjunto escultórico que os arqueólogos pensam ser também da época romana está, neste momento, sendo escavado “nos níveis inferiores, a cerca de 3,5 metros de profundidade”, e já foi identificada “parte substancial de um togado [ou toga]”.
“Os achados são, claramente, de grande importância e merecem uma atenção particular”, defendeu o CAM, acrescentando ter ainda descoberto um total de seis fossas detríticas, possivelmente do período medieval-islâmico.
A escavação arqueológica prossegue, a princípio, até o final deste mês, mas o trabalho dos arqueólogos vai continuar, lembrou Susana Gómez, referindo que vão ter de “registrar tudo o que for identificado, para contextualizar melhor os vestígios”, e “trabalhar os materiais”, para uma datação mais rigorosa.
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