De acordo com um novo estudo, a vida alienígena pode ser de cor púrpura, assim como os primeiros organismos vivos na Terra.
Publicado no dia 11 de outubro na Revista Internacional de Astrobiologia, a pesquisa afirma que antes das plantas começarem a aproveitar a energia solar para gerar energia, pequenos organismos de cor púrpura arranjaram uma maneira de fazer o mesmo.
Segundo Shiladitya DasSarma, microbiologista da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland e autor principal do estudo, a vida extraterrestre poderia ter evoluído e prosperado assim como esses organismos de cor púrpura.
“Astrônomos descobriram recentemente milhares de novos planetas extrassolares e estão desenvolvendo a capacidade de detectar bioassinaturas de superfície” na luz refletida por esses planetas, disse o microbiologista.
DasSarma disse ainda já existirem várias maneiras de detectar “vida verde” nesses planetas, mas que é preciso começar a procurar pelo roxo.
Terra púrpura
A ideia de uma terra primitiva de cor púrpura não é recente, tendo sido desenvolvida em 2007 por DasSarma e seus companheiros de pesquisa.
De acordo com a teoria da Terra Púrpura, as plantas e algas fotossintéticas usam clorofila para absorver energia do Sol, mas não absorvem a luz verde (daí a sua cor).
Esse fato se mostra estranho para os cientistas porque a luz verde é bastante rica em energia – o que levou DasSarma e seus colegas a questionarem a existência de algum organismo que absorvesse essa parte do espectro de cores enquanto os fotossintetizadores de clorofila das plantas evoluíam.
Na teoria, esse organismo seria simples e capturaria a energia solar através de uma molécula chamada retinal. Os pigmentos dessa molécula seriam mais simples que a clorofila e absorveriam mais eficazmente a luz verde apesar de serem menos eficazes na captação da energia solar.
A captação de luz através da molécula retinal é ainda comum entre bactérias e organismos unicelulares chamados Archae – esses organismos de cor púrpura foram descobertos em toda parte, desde os oceanos até a Antártda, passando pelas superfícies das folhas, contou Edward Schwieterman, pesquisador da Universidade da Califórnia.
Os pigmentos dessa molécula são também encontrados nos sistemas visuais de animais complexos. Segundo os pesquisadores, o aparecimento dos pigmentos em muitos dos organismos vivos sugere que eles podem ter evoluído muito cedo a partir do mesmo ancestral comum.
Há ainda evidências de que os organismos modernos consumidores de sal e de cor púrpura, os halófilos, podem estar relacionados com algumas das primeiras formas de vida na Terra, que se desenvolveram através das fontes de metano dos oceanos.
Aliens púrpura
Independentemente da primeira vida na Terra ser ou não púrpura, DasSarman e Schwieterman argumentam que a vida em tons de púrpura serviu os propósitos de alguns organismos, o que pode indicar que a vida alienígena usou a mesma estratégia.
De acordo com os pesquisadores, no caso de a vida extraterrestre estar, de fato, usando esses pigmentos de cor púrpura para captar energia, os astrobiólogos só irão encontrá-los procurando por assinaturas de luz específicas.
Segundo Schwieterman, a clorofila absorve principalmente a luz vermelha e azul, mas o espectro refletido por um planeta coberto por plantas exibe aquilo que os astrobiólogos chamam de “borda vermelha da vegetação“.
Essa “borda vermelha” é uma mudança repentina no reflexo da luz na parte dos infravermelhos próximos do espectro onde as plantas param de absorver comprimentos de onda vermelhos e começam a refleti-los.
Por outro lado, os fotossintetizadores baseados na retina tem uma “vantagem verde”, explica Schwieterman – absorvem a luz até a porção verde do espectro e, em seguida, começam a refletir comprimentos de onda mais longos.
De acordo com o pesquisador, os astrobiólogos há muito tempo tentam detectar vida extraterrestre através da “borda vermelha”, mas agora precisam considerar a procura pela “borda verde”.
“Se esses organismos estiverem presentes em densidades suficientes em um exoplaneta, essas propriedades de reflexão seriam imprimidas no espectro de luz refletida pelo planeta”, explicou Schwieterman.
Ciberia // ZAP