Um estudo publicado na segunda-feira (12) revela novas medições em rochas terrestres e lunares que trazem detalhes inesperados sobre a relação da Lua com a Terra. Segundo os geoquímicos, a Lua é o manto da proto-Terra, realocado.
Uma das teorias mais fortes sobre a formação da Lua é a que de que ela foi produzida depois de um pequeno planeta, chamado Theia, colidir com a Terra, cerca de 4,5 biliões de anos atrás. A teoria de que a Lua foi formada por restos desta colisão – a Teoria de Impacto Gigante – explica o tamanho atual do satélite, mas testes realizados com pedras lunares revelam algo mais.
Acreditava-se que esse corpo tinha apenas “raspado” na Terra, mas agora os pesquisadores apontam que o impacto foi mais “como uma marreta atingindo uma melancia“, de acordo com os resultados publicados esta semana na Nature.
“Ainda estamos medindo novamente as amostras coletadas pelo programa Apollo na década de 70, já que a tecnologia se desenvolveu bastante nos últimos anos. Podemos avaliar diferenças muito pequenas entre a Terra e a Lua e encontramos uma série de coisas que não vimos na década de 70”, descreve Kun Wang, um dos autores do estudo, ao Gizmodo.
Kun Wang, geoquímico da Universidade de Washington, afirma que o modelo antigo não é suficiente para explicar o que foi observado recentemente.
Uma série de testes foi realizada para tentar encontrar diferenças nas assinaturas dos isótopos, e finalmente encontraram uma que aponta para uma origem ainda mais próxima. Nas novas análises químicas, os pesquisadores encontraram compostos isotópicos quase idênticos.
As assinaturas dos isótopos eram iguais, com exceção de uma que marcava uma concentração de potássio muito alta e que requer altíssimas temperaturas para ser separada. Esta descoberta leva os pesquisadores a acreditar que a colisão entre a Terra e esse outro corpo celeste tenha sido muito violenta, a ponto de gerar tamanhas temperaturas.
Com o aumento da temperatura e o choque intenso, o corpo celeste e a Terra tiveram grande parte de sua extensão vaporizada. Antes de se esfriar e se condensar na Lua, o vapor gerado pelo impacto se expandiu em uma área 500 vezes maior do que nosso planeta.
“O impacto gigante deveria ser chamado de impacto extremamente gigante. A quantidade de energia necessária não é nem próxima do que imaginávamos”, disse Wang.
As novas descobertas não alteram a concepção de como a Lua foi formada, mas apontam para um sistema solar mais volátil. “Tudo o que sabemos sobre o início do sistema solar vem de nosso estudo de amostras lunares e de meteoritos. Isto muda o nosso entendimento de como era o sistema solar, e nos parece que era muito mais violento do que pensávamos”, disse Wang.
As amostras de pedras lunares coletadas pelo programa Apollo continuarão a ser estudadas para encontrar novas pistas. Os cientistas acreditam que ainda há muito a ser descoberto com a ajuda dessas pequenas amostras.
// Canal Tech