Pelo menos 21 pessoas morreram e outras 39 ficaram feridas em um incêndio registrado esta quarta-feira em um orfanato na Guatemala, quando as jovens tentaram protestar contra abusos sexuais e físicos que vinham sofrendo, segundo fontes familiares.
O provedor dos Direitos Humanos, Abde Paredes, explicou aos jornalistas que, segundo as primeiras investigações, o fogo foi posto pelas próprias meninas e teria começado com um colchão.
O departamento nacional da polícia referiu que um total de 39 pessoas ficaram feridas, 14 das quais em estado grave devido a queimaduras.
Uma centena de pessoas concentrou-se no local para pedir às autoridades as identidades dos mortos e feridos, não tendo recebido, até ao momento, qualquer informação.
As meninas feridas e mortas teriam escolhido o Dia Internacional da Mulher para protestar contra os abusos sexuais e físicos que vnham sofrendo no orfanato.
O pai de Pablo, um menino de 14 anos, contou que o filho está no centro, mas desconhecia o seu estado. O homem disse, contudo, não ter dúvidas que o rapaz é vítima de abusos.
“É assim que tratam as pessoas. Ele tem feridas quando venho vê-lo e se pergunto quem o machucou fica nervoso”, disse o homem, que prefere não se identificar.
No centro estavam 748 menores, apesar de a sua capacidade ser de 400, incluindo órfãos e vítimas de violência e alguns acusados de pertencer a grupos criminosos ou de terem cometido delitos, segundo os familiares.
Um grupo de mulheres comentou os testemunhos de várias crianças que alegam serem “espancadas e violentadas”.
“Não são criminosos, nem animais. São crianças, são pessoas, são adolescentes”, gritou uma delas.
O Presidente da Guatemala já anunciou a destituição do diretor do centro de menores e manifestou ainda pesar e “solidariedade” para com as famílias e os feridos, decretando, em face “da dimensão desta tragédia nacional”, três dias de luto.
Em uma mensagem à nação, Jimmy Morales afirmou que o executivo “lamenta profundamente” a tragédia e anunciou que estão sendo investigadas as causas do incidente para apurar responsabilidades, apesar de lamentar que “os órgãos jurisdicionais” não tenham respondido a tempo de transferir alguns dos menores.
O orfanato tem se envolvido em polêmica desde 2016. Pelo menos 47 jovens fugiram, o que levou a Secretaria da Presidência, responsável pela custódia das crianças, a destituir o diretor.
As autoridades investigam desde então os fatos e uma juíza decretou o encerramento do centro, motivo que levou dois juízes do Supremo Tribunal da Justiça a deslocar-se ao local para verificar a situação.
Dezenas de bombeiros, a polícia, a Cruz Vermelha e membros da Coordenação Nacional para a Redução de Desastres estiveram no local.
// ZAP