Militares das Forças Armadas dos Estados Unidos têm compartilhado fotos de colegas nuas na internet. Na semana passada, veio à tona a denúncia de que fuzileiros navais usavam o Facebook para compartilhar os “nudes”, o que desencadeou uma investigação da Marinha.
A BBC teve acesso, no entanto, a um fórum de discussão, hospedado no site de compartilhamento anônimo de imagens Anon-IB, onde militares de outros setores das Forças Armadas também trocavam centenas de fotos de colegas.
Algumas vezes, eles postam primeiro fotos das mulheres vestidas, retiradas de suas páginas nas redes sociais. Em seguida, perguntam se algum membro tem os “nudes”, que eles chamam de “vitória”. As imagens então são postadas.
Às vezes, as postagens fornecem o nome das mulheres e identificam o local onde estão lotadas. Muitos posts são acompanhados por comentários de teor sexual.
A denúncia inicial, que se restringia aos fuzileiros navais, se referia a um grupo no Facebook. Chamado Marines United, o grupo tinha 30 mil membros e foi fechado depois que o escândalo veio à tona.
“Quando eu vejo denúncias de fuzileiros denegrindo suas colegas, eu acho que esse tipo de comportamento não é digno de verdadeiros guerreiros ou combatentes de guerra”, disse o general Robert Neller, comandante dos fuzileiros navais, que classificou as revelações como um “constrangimento”.
Embora o grupo do Facebook tenha sido fechado, o fórum de discussão do site Anon-IB continua ativo e indica que tais práticas se estendem por toda as Forças Armadas.
“Acabei de saber que [nome retirado] e a namorada [nome retirado] se separaram”, diz um comentário de 19 de dezembro, publicado por um usuário anônimo em um post que parece fazer referência à base aérea de Offutt em Nebraska.
Uma postagem de outro usuário anônimo, publicada em 12 de setembro, se refere à base da força aérea de Wright-Patterson, em Ohio:
“Alguma vitória de wright patt? Vou começar com algumas”.
O usuário posta então selfies de uma mulher de biquíni e, em seguida, fazendo topless. Há imagens mais explícitas publicadas no fórum.
Comportamento incompatível
O Departamento de Defesa dos EUA disse em uma declaração que tinha emitido “uma política de conduta” para prevenir e lidar com questões de “assédio e provocação sexual”.
Está sendo elaborada uma nova “política de prevenção e combate ao assédio no local de trabalho”, informou o porta-voz Myles Caggins à BBC.
“O comportamento alegado é incompatível com nossos valores“, acrescentou.
Além das plataformas citadas, há relatos de pelo menos meia dúzia de grupos ou sites semelhantes, informaram autoridades da Marinha à CBS News.
A Comissão das Forças Armadas no Senado deve realizar uma audiência para discutir o caso na próxima semana.
O Serviço Naval de Investigação Criminal (NCIS) abriu, por sua vez, uma investigação e pediu aos denunciantes que fornecessem informações.
Na quarta-feira, duas supostas vítimas se manifestaram publicamente, acompanhadas de seu advogado, e encorajaram outras mulheres a se apresentar.
“Esse comportamento leva à banalização do assédio sexual e até mesmo da violência sexual”, disse Erika Butner, de 23 anos, que serviu como fuzileira naval por quatro anos até junho do ano passado.
A atividade do grupo Marines United foi revelada pela primeira vez pelo War Horse, uma organização sem fins lucrativos dirigida pelo veterano da Marinha Thomas Brennan.
Acredita-se que algumas fotos vazadas foram tiradas sem que as mulheres soubessem. Já outras imagens parecem ter sido consensuais, mas publicadas na rede sem permissão.
// BBC