Uma médica criou uma cirurgia reconstrutiva que pode aumentar a função sexual e ajudar a curar as feridas emocionais e psicológicas o que traz esperança para milhões de mulheres que sofreram a violência da mutilação genital.
A pesquisadora Ivona Percec é professora de cirurgia na divisão de Cirurgia Plástica e cirurgiã do Centro de Aparência Humana Penn Medicine, nos EUA. Ela usou a nova técnica com sucesso em três pacientes, e apresentou os resultados em um artigo publicado este mês no jornal de cirurgia estética Aesthetic Surgery Journal.
“Nosso procedimento é simples, mas eficaz e pode ajudar as vítimas a restaurar seu senso físico e psicológico de bem-estar”. A especialista usa seu conhecimento em outras técnicas reconstrutivas para restaurar a aparência e função da genitália feminina mutilada.
Três mulheres com idades entre 30 e 3, que tinham imigrado recentemente para os Estados Unidos, vindas da Serra Leoa, foram submetidas à cirurgia reparadora. Elas eram casadas, mas não tinham dito aos seus maridos que tinham sido submetidas à MGF quando crianças.
“Essas mulheres ficaram envergonhadas por terem sido submetidas a esse procedimento, em particular desde que se mudaram para os Estados Unidos”, diz Percec, “todas eles foram capazes de ter relações sexuais, mas sem prazer – geralmente com dor.”
Com um acompanhamento médio de quase um ano, as pacientes relataram melhora da função sexual e diminuição do constrangimento com seus parceiros. As três mulheres disseram que recomendariam este procedimento a outras que sofreram a MGF.
“Como as nações ao redor do mundo trabalham para eliminar este costume, os cirurgiões plásticos podem desempenhar um papel importante na recuperação física, emocional e psicológica das mulheres em todos os lugares”.
A mutilação genital feminina é reconhecida internacionalmente como uma violação dos direitos humanos. “A mutilação genital feminina é uma violação dos direitos básicos de mulheres e crianças”, afirma Percec. Pode ter consequências a longo prazo, incluindo dor intensa, transtorno de estresse pós-traumático, cistos, infecções recorrentes e até morte.
A Organização Mundial de Saúde define a mutilação genital feminina (FGM) como “qualquer procedimento que altere intencionalmente ou cause danos aos órgãos genitais femininos por razões não médicas e sem benefícios para a saúde”.
Estima-se que 200 milhões de mulheres tenham sido submetidas a FGM em todo o mundo, geralmente entre a primeira semana de vida e adolescência, e muitas vezes por seus cuidadores.
É um ritual cultural em partes da África, Oriente Médio e Ásia para incentivar a fidelidade sexual feminina.