Uma menina de 10 anos morreu na região central da Somália depois de ter sido submetida a uma mutilação genital. Segundo o diretor do hospital que a recebeu, a criança sangrou até a morte.
A menina foi levada para o hospital de Hanano, na cidade de Dhusamareb, no dia 17 de julho, dois dias depois de ter sido submetida à mutilação, de acordo com os pais, em uma aldeia a cerca de 40 quilômetros do hospital, aponta a Voa.
Os exames revelam que a criança foi infectada com tétano porque os utensílios utilizados no procedimento não foram esterilizados. “Cortaram seu clítoris e um lado da vulva. O outro lado ficou ferido em três áreas. Nunca vi ninguém mutilado dessa forma na minha vida”, disse o diretor e médico do hospital, Abdirahman Omar Hassan.
O pai da menina, Dahir Nur, disse estar perturbado com a situação, mas aceita a morte da filha, pois acredita que a menina “foi levada por Alá”.
Apesar da perda, os pais da criança defendem a prática da mutilação genital. “As pessoas na área estão satisfeitas com isso. A mãe dela consentiu. Temos visto os efeitos, mas é uma cultura do país em que vivemos”, disse Nur, acrescentado que ninguém é responsável pela morte da filha.
Ativistas denunciam o procedimento
As notícias do procedimento fatal surgiram pela voz de ativistas somalis e parceiros internacionais, que se reuniram em Mogadíscio, na Somália, para discutir campanhas contra a mutilação genital feminina.
Ifrah Ahmed, uma ativista da Somália, pediu aos líderes religiosos que fizessem mais para convencer a comunidade a terminar com o procedimento. “Os líderes religiosos podem informar a comunidade sobre o que a religião diz sobre a mutilação genital feminina – que não se trata de religião, mas de cultura”, disse.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a Somália está entre os três principais países do mundo que recorrerem à mutilação genital feminina. A organização mundial aponta ainda que mais de 200 milhões de meninas e mulheres foram mutiladas em 30 países da África, Oriente Médio e Ásia.
É uma violação dos direitos humanos das meninas e das mulheres, reitera a Organização Mundial de Saúde.
Ciberia // ZAP