Um grupo de cientistas norte-americanos afirma que Titã, o maior satélite de Saturno, pode ser classificado como uma “lua elétrica”. Segundo os especialistas, os ventos dominantes sopram de leste para oeste através da sua superfície, mas as dunas formam-se na direção oposta.
No artigo publicado na Nature Geoscience, os cientistas afirmam que as dunas do maior satélite natural de Saturno são formadas não pelo vento, mas por outras forças.
De acordo com o estudo, as partículas das substâncias de hidrocarbonetos na alta atmosfera de Titã estão constantemente em fricção, provocando um efeito triboelétrico (desenvolvimento de cargas elétricas devido ao atrito), que é responsável pela formação da estrutura das dunas.
“Essas forças eletrostáticas aumentam os limiares de fricção. Isso torna os grãos tão pegajosos e coesos que só podem ser movimentados por ventos fortes. Os ventos predominantes não são suficientemente fortes para dar forma às dunas”, destacou o principal autor do estudo, Josh Méndez Harper.
Os especialistas comprovaram esta informação após terem recriado, em laboratório, os processos nas dunas de Titã. Para testar o fluxo de partículas em condições semelhantes a Titã, a equipe inseriu grãos de naftalina e bifenilo – dois compostos que deverão existir na superfície do satélite – num pequeno cilindro.
Depois, o tubo foi agitado durante 20 minutos num ambiente de azoto puro e seco (a atmosfera de Titã é composta por 98% de azoto) e, no final, os cientistas mediram as propriedades elétricas de cada grão.
“Cerca de 2 a 5% dos grãos não saíram do copo. Agarraram-se ao interior e ficaram presos. Mas quando fizemos a mesma experiência com areia e cinzas vulcânicas usando condições parecidas com a Terra, todos os grãos caíram”, adiantou Méndez Harper.
Isto acontece porque a areia da Terra não recebe carga elétrica quando é agitada, por isso é necessário juntar água para construir um castelo de areia. Mas, em Titã, a situação é bem diferente.
“Se construíssemos um castelo de areia em Titã, talvez ficasse intacto durante várias semanas devido às suas propriedades eletrostáticas”, disse Josef Dufek, professor da Georgia Tech, e coautor do estudo.
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