O prêmio Nobel da medicina foi atribuído essa segunda-feira (3) ao japonês Yoshinori Ohsumi por sua pesquisa sobre a autofagia.
O biólogo Yoshinori Ohsumi, professor no Frontier Research Center do Instituto de Tecnologia de Tóquio, recebeu o prêmio “por suas descobertas sobre os mecanismos de autofagia“.
Ohsumi, de 71 anos, foi pioneiro nessa área, e recebeu em 2012 o Kyoto Prize, o mais alto galardão de carreira no Japão, que distingue “personalidades com inegável contributo para a ciência, cultura e elevação espiritual da Humanidade”.
A autofagia é um processo essencial para o funcionamento das células em que estas “digerem” partes de si mesmas para eliminar organelos envelhecidos.
Em organismos de seres desnutridos, a autofagia é uma das estratégias de sobrevivência e permite que as células redistribuam os nutrientes para conseguir executar as atividades mais essenciais à vida.
O conceito de autofagia já tinha sido descoberto em 1960, quando cientistas observaram que as células eram capazes de destruir seus próprios componentes e os transportar para a unidade celular chamada de lisossomo.
O processo era difícil de estudar e pouco se sabia sobre ele até que, numa série de experiências no início dos anos 1990, Yoshinori Ohsumi usou fermento de padeiro para identificar os genes essenciais à autofagia.
O cientista identificou os mecanismos subjacentes à autofagia no fermento e mostrou que as células humanas usam um sistema sofisticado do mesmo tipo.
“As descobertas de Ohsumi levaram a um novo paradigma no nosso conhecimento sobre como as células reciclam seu conteúdo. Suas descobertas abriram o caminho para a compreensão da importância fundamental da autofagia em diversos processos fisiológicos, como a adaptação ao jejum ou a resposta a infecções”, declarou o comitê do Nobel, em comunicado.
Segundo o comitê, “mutações nos genes ligados à autofagia podem causar doenças e o processo autofágico envolvido em várias doenças, incluindo o câncer e doenças neurológicas”.
A temporada dos prêmios Nobel 2016 começa hoje com o anúncio do Nobel da Medicina e prossegue com o da Física (terça-feira), da Química (quarta-feira), da Paz (sexta-feira) e da Economia (dia 10).
O Nobel da Literatura será atribuído a 13 de outubro.
Os prêmios Nobel, criados em 1895 pelo químico, engenheiro e industrial sueco Alfred Nobel (inventor da dinamite), foram atribuídos pela primeira vez em 1901 e correspondem a uma recompensa de oito milhões de coroas suecas para cada galardão, equivalente a cerca de três milhões de reais.
AF, Ciberia / ZAP