O juiz Scott Gordon, de Los Angeles, se recusou a arquivar o processo que a Justiça norte-americana move contra o cineasta Roman Polanski por ter tido relações sexuais com uma menor de idade, ocorridas há 40 anos.
O caso data de 1977, quando o cineasta franco-polonês Roman Polanski, já consagrado, estava em Los Angeles, na Califórnia.
Na casa do ator e amigo Jack Nicholson, que estava ausente, Polanski conheceu Samantha Geimer, de 13 anos, que fazia uma sessão de fotos para a revista Vogue. Polanski, então com 44 anos, teria drogado e abusado sexualmente de Samantha.
No dia 11 de março de 1977, ainda na casa de Nicholson, Polanski foi detido pela polícia da Califórnia. Sua defesa negociou com os advogados da vítima, que queriam evitar mais desgastes emocionais para a menina.
No acordo, o cineasta confessou ter mantido relações sexuais com uma menor de idade. Em troca, a Justiça descartou outras acusações mais graves: como estupro e fornecimento de drogas a uma menor de idade.
Pelos termos do acordo, Polanski passou, inicialmente, 42 dias na prisão, fazendo exames psicológicos. Já em liberdade, foi informado por seus advogados de que o promotor do caso fazia pressão para que o processo fosse revisto. Polanski, provavelmente, seria condenado a prisão por décadas.
Assustado, o cineasta comprou uma passagem de ida para Londres, de onde viajou para Paris – à época, Polanski já tinha a nacionalidade francesa, o que lhe protege de um pedido de extradição da Justiça americana.
Em junho passado, Samantha Geimer, agora com 53 anos, pediu à Justiça que o caso fosse arquivado. Ela alegou que o interminável processo destruía a sua vida, que ela já havia perdoado Polanski, e que simplesmente queria acabar com o caso.
Não foi assim, porém, que o juiz Scott Gordon entendeu. “O acusado neste caso é um fugitivo que se recusa a obedecer as ordens do tribunal”, disse o juiz. “Sua conduta continua a ofender, e a amplificar o traumatismo da agressão sexual sofrida pela vítima”.
Roman Polanski, atualmente casado com a atriz Emmanuelle Seigner, com quem tem dois filhos, continuará sem poder viajar aos Estados Unidos, onde não pisa há 40 anos, sob pena de ser imediatamente preso.
O cineasta, aos 84 anos, evita também o Reino Unido e outros países que podem, sem hesitar, aceitar um pedido de extradição feito pelos norte-americanos.