Um grupo de cientistas obteve a imagem mais detalhada até agora de uma estrela, sem contar com o Sol, e traçou o primeiro mapa de velocidade do material em sua atmosfera, o que revelou turbulências inesperadas e inexplicáveis.
A imagem, publicada nesta quarta-feira (23) pela revista Nature, é fruto do trabalho de uma equipe do Observatório Austral Europeu (ESO) sobre a estrela supergigante vermelha Antares, a mais brilhante da constelação de Scorpius, que está a caminho de se tornar uma supernova e está localizada a cerca de 600 anos-luz da Terra.
Este estudo queria fornecer pistas sobre “como as estrelas que, como Antares, estão em fase final de sua evolução e perdem sua massa de uma forma tão rápida”, explicou em um comunicado da ESO Keiichi Ohnaka, autor principal do artigo e professor da Universidade Católica do Norte (Chile).
A imagem da Antares foi possível graças ao interferômetro do telescópio VLT do observatório no deserto do Paranal (Chile), uma instalação única que pode combinar a luz de até quatro telescópios para criar um virtual, equivalente a um espelho único de até 200 metros, com o qual é possível obter uma resolução inédita.
Com este equipamento, a equipe pôde medir diretamente os movimentos do gás na atmosfera de Antares e, a partir daí, criar o primeiro mapa de duas dimensões da velocidade de material atmosférico, algo que deixou certa incógnita.
Contra o que esperavam os especialistas, os astrônomos detectaram gás turbulento e de baixa densidade muito mais afastado da estrela do que esperavam encontrar.
Segundo a ESO, para explicar estes movimentos na atmosfera estendida de estrelas supergigantes vermelhas como Antares “seria necessário um processo novo e atualmente desconhecido”.
// EFE