Geólogos descobriram fragmentos fósseis de 13 árvores com mais de 260 milhões de anos entre as rochas cinzentas em um campo de gelo nas Montanhas Transantárticas.
Trata-se do testemunho de uma pequena floresta que cresceu no fim do Período Pérmico, antes dos primeiros dinossauros, quando a Antártida ainda não se encontrava no Polo Sul. A descoberta aconteceu durante uma expedição ao Promontório McIntyre.
Em comunicado, Erik Gulbranson, um paleoecólogo e professor na Universidade de Winsconsin-Milwaukee, disse que já se sabia da existência dos fósseis na Antártida “desde a expedição Robert Falcon Scott de 1910-12. No entanto, há muito território por explorar ali”.
O Período Pérmico acabou há 251 milhões de anos, na maior extinção em massa da história, já que a Terra mudou rapidamente.
Mais de 90% das espécies na Terra desapareceu, incluindo os bosques polares. Gulbranson acredita que as árvores nos bosques antárticos eram uma espécie muito abundante e estuda a razão foram extintas.
Muitos cientistas acreditam que um aumento massivo dos gases de efeito estufa na atmosfera, como o dióxido de carbono e o metano, tenha causado a extinção do Pérmico-Triásico. É provável que no transcorrer de 200 mil anos – um curto tempo, geologicamente falando – as erupções vulcânicas na Sibéria liberem muitas toneladas de gases de efeito estufa para a atmosfera.
Isbell, professor de geociências, estudou previamente os depósitos glaciares do Pérmico da Antártida para determinar como mudou o clima. Nesta expedição utilizou as rochas ao redor das árvores fossilizadas para determinar como se encaixam na história geológica da Antártida.
“Este bosque é um amostra da vida antes da extinção, o que pode nos ajudar a compreender o que causou este evento”, disse Gulbranson. Também pode dar pistas sobre como as plantas eram diferentes das atuais.
No final do Período Pérmico, a Antártida era mais quente e úmida que hoje. Os continentes, como os conhecemos, estavam agrupados em duas massas continentais gigantes: uma no norte e outra no sul.
A Antártida era parte de Gondwana, o supercontinente que abarca o Hemisfério Sul que também inclui a atual América do Sul, África, Índia, Austrália e a Arábia.
Na altura, haveria uma mistura de musgos, ferns e uma planta extinta chamada Glossopteris. Os cientistas acreditam também que é provável que o bosque se estendesse por todo o continente de Gondwana.
Gulbranson disse que as florestas fósseis eram diferentes dos bosques atuais.
Durante o Período Pérmico, os bosques foram um conjunto potencialmente pouco diverso de diferentes tipos de plantas com funções específicas que afetaram a forma como todo o bosque respondeu às mudanças ambientais. Isto contrasta com os bosques modernos de latitudes altas que mostram uma maior diversidade de plantas.
“Este grupo de plantas deve ter sido capaz de sobreviver e prosperar em uma variedade de ambientes. É extremamente raro, inclusive hoje, que um grupo apareça em quase todo o hemisfério do globo”, disse Gulbranson.
Ciberia // ZAP