Uma passeata que iniciou pacífica, no centro do Rio, contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que cria teto para gastos públicos, terminou em confronto entre manifestantes e policiais militares.
Os participantes, que inicialmente se concentraram em frente à Câmara de Vereadores, na Cinelândia, seguiram pela Avenida Chile, com objetivo de protestar em frente aos prédios da Petrobras e do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Um dos manifestantes jogou um rojão contra os policiais, que naquele momento, por volta das 19h30, apenas acompanhavam a multidão, o que provocou reação dos militares e a dispersão do grupo.
Os manifestantes voltaram a se concentrar na Cinelândia, quando um reforço da PM chegou e passou a dispersar as pessoas, jogando bombas de gás lacrimogênio. Um grupo de pessoas buscou refúgio no tradicional bar Amarelinho, ao lado da Câmara, que acabou invadido pela PM. Os manifestantes e os clientes responderam jogando objetos contra os policiais, incluindo mesas e cadeiras.
Ao lado do prédio da Câmara um manifestante foi agredido pela polícia e precisou de atendimento médico, feito por voluntários da Cruz Vermelha. Uma das organizadoras do ato, presidente do Sindicato dos Docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Tatiana Roque, disse que um dos motivos do protesto é que a PEC vai afetar áreas como saúde e educação.
“A PEC 241 vai congelar gastos públicos e afetar muito as áreas da saúde e educação. A população vai aumentar e o país vai crescer. Então, em termos per capita e do PIB [Produto Interno Bruto] haverá diminuição do investimento. Tem muitas outras maneiras de equilibrar a economia, o problema do Brasil não é de gasto, é de arrecadação. Tem que criar o imposto sobre grandes fortunas e taxar lucros e dividendos”, disse Tatiana, professora do Instituto de Matemática da UFRJ.
O governo federal defende a necessidade de aprovação da PEC 241 como forma de equilibrar as contas públicas e diz que as áreas de saúde e educação serão preservadas.
São Paulo
Em São Paulo, manifestantes chegaram por volta das 21h30 ao prédio da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), na Avenida Brigadeiro Faria Lima, após caminhada que começou na Avenida Paulista. O protesto seguiu pacífico.
Os manifestantes estavam desde as 18h no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), localizado na Avenida Paulista. Às 19h30, eles ocuparam a Avenida Paulista no sentido da Rua da Consolação e pouco tempo depois iniciaram a caminhada.
O grupo desceu a Rua Augusta, sentido Jardins, entraram na Rua Estados Unidos e pegaram a Avenida Rebouças até chegar à Avenida Brigadeiro Faria Lima. O ato foi convocado pelo coletivo Democracia na Real, que se define como um movimento horizontal, apartidário, autônomo e que luta por direitos.
A assessoria de imprensa da Polícia Militar não divulgou a estimativa de participantes da manifestação.
Comissão adia votação da redação do texto da PEC 241
A comissão especial da Câmara que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita o teto dos gastos públicos, adiou para essa terça-feira (18), às 16h, reunião do colegiado para votar a redação final do texto, que foi aprovado em primeiro turno pelo plenário da Câmara, na semana passada.
A reunião deveria ocorrer na segunda, mas como não houve quórum o presidente da comissão, deputado Danilo Forte (PSB-CE), transferiu a reunião para o dia seguinte.
O adiamento da reunião não vai prejudicar a votação da PEC em segundo turno, que está prevista para ocorrer na próxima semana nos dias 24 ou 25.
A PEC, que limita os gastos públicos pelos próximos 20 anos foi aprovada, em primeiro turno, por 366 votos a 111 e duas abstenções.
Agora a proposta depende da aprovação em segundo turno, por no mínimo 308 votos, para ser enviada à apreciação do Senado.