O governo da Indonésia anunciou que até o fim do ano concluirá um estudo para transferir a capital de Jacarta – superpovoada e cujo solo afunda até 20 centímetros em algumas áreas – para outra cidade ainda não definida, já que há várias candidatas.
O ministro de Planejamento do Desenvolvimento Nacional, Bambang Brodjonegoro, declarou no início do mês que entregará ao presidente, Joko Widodo, um relatório que avalia a viabilidade de várias cidades para receber a capital administrativa.
“Incluirá a localização, os planos de financiamento, as necessidades estimadas e outros detalhes, mas ainda não o desenho da cidade. Estará situada fora da ilha de Java“, disse o ministro, em referência ao principal foco político e demográfico do arquipélago.
Brodjonegoro não quis revelar as candidatas antes de apresentar o estudo. O ministro de Obras Públicas e Habitação, Basuki Hadimuljono, disse em julho que estão sendo consideradas cidades em três províncias da parte indonésia da ilha de Bornéu.
Segundo Brodjonegoro revelou em várias declarações à imprensa neste ano, entre 2018 e 2019 serão realizadas as reuniões para estudar a transferência, que requer a construção de novos edifícios do governo.
De qualquer forma, Jacarta será mantida como a capital empresarial e financeira, o que não deixa claro como a transferência pode ajudar a aliviar os problemas de superpopulação da cidade, que conta com mais de 10 milhões de habitantes.
Cerca de 40% da capital indonésia já se encontra abaixo do nível do mar. Uma das medidas para tentar evitar que o problema piore é a construção de um grande dique na baía de Jacarta.
No entanto, para Peter Letitre, especialista da holandesa Deltares, uma das empresas de consultoria que presta serviços ao governo indonésio em projetos de gestão de recursos hídricos na capital, o verdadeiro problema é a extração de água subterrânea.
“Deter a extração profunda de água subterrânea pode dar certo. Funcionou nos anos 70 em Tóquio, que tinha o mesmo problema”, disse Letitre à Agência Efe.
Segundo o consultor, o norte de Jacarta tem os índices mais altos de afundamento da superfície, entre 15 e 20 centímetros ao ano. No noroeste, a média é de sete a dez centímetros, e no nordeste de entre dois e quatro, o que torna Jacarta “uma das cidades que afundam mais rápido do mundo“.
Por enquanto, os planos para deter a extração de água, que requerem oferecer alternativas de fornecimento ou aumentar a reciclagem de água em indústrias e edifícios, entre outras medidas, se encontra em fase inicial, na qual se elabora um mapa das zonas mais afetadas.
Por outro lado o projeto do dique, que incluía a criação de 17 ilhas artificiais, teve a escala reduzida por problemas de financiamento e foi rejeitado por ONGs e associações de moradores devido aos impactos ambientais e sociais, além de escândalos de corrupção.
A Coligação para Salvar a Baía de Jacarta, formada por organizações de direitos humanos, ecologistas e pescadores, pediu neste mês ao Parlamento que impeça a construção de ilhas artificiais.
Em Pluit, um dos bairros do norte de Jacarta que afundam em ritmo mais acelerado, uma moradora contou que por estar tão perto do mar os vizinhos não podem extrair água de poços, mas que ainda assim as casas sofrem as consequências da extração realizada em outras regiões.
“Recentemente as inundações foram enormes porque havia água que entrou por uma brecha no embarcadouro. Chegava até a minha cintura, a minha casa ficou inundada até a metade”, relatou a moradora.
// EFE