A partir desta quinta-feira (8), a Folha deixa de publicar seu conteúdo em sua página no Facebook. O jornal manterá a fanpage na rede social, mas não mais a atualizará com novas publicações. Segundo nova determinação, “a decisão é reflexo de discussões internas sobre os melhores caminhos para fazer com que o conteúdo do jornal chegue aos leitores”.
“As desvantagens em utilizar o Facebook como um caminho para essa distribuição ficaram mais evidentes após a decisão da rede social de diminuir a visibilidade do jornalismo profissional nas páginas de seus usuários”, destaca o jornal.
“O algoritmo da rede passou a privilegiar conteúdos de interação pessoal, em detrimento dos distribuídos por empresas, como as que produzem jornalismo profissional. Isso reforça a tendência do usuário a consumir cada vez mais conteúdo com o qual tem afinidade, favorecendo a criação de bolhas de opiniões e convicções, e a propagação das fake news”, afirma o veículo.
Além disso, justifica a publicação, não há garantia de que o leitor que recebe o link com determinada acusação ou ponto de vista terá acesso também a uma posição contraditória a essa. Esses problemas foram agravados nos últimos anos pela distribuição em massa de conteúdo deliberadamente mentiroso, as chamadas fake news.
Sem conseguir resolver satisfatoriamente o problema de identificar o que é conteúdo relativo a jornalismo profissional e o que não é, a rede anunciou no mês passado que reduziria o alcance das páginas de veículos de comunicação, entre outros.
Ainda de acordo com o jornal, no caso da Folha, a importância do Facebook como canal de distribuição já vinha diminuindo significativamente antes mesmo da mudança do mês passado, tendência observada também em outros veículos.
“Em janeiro, o volume total de interações (compartilhamentos, comentários e curtidas) obtido pelas 10 maiores páginas de jornais brasileiros no Facebook caiu 32% na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados compilados pela Folha. Com a queda do alcance das páginas, o Facebook perde espaço como fonte de acessos a sites de jornalismo”, informa a folha.
“De acordo com a Parse.ly, empresa de pesquisa e análise de audiência digital, a participação da rede social nos acessos externos caiu de 39% em janeiro do ano passado para 24% em dezembro. O espaço vem sendo ocupado principalmente pelos mecanismos de busca, como o Google, que no mesmo período avançou de 34% para 45%”, acrescenta.
A Folha tem atualmente 5,95 milhões de seguidores no Facebook. É o maior jornal brasileiro na rede social. As páginas das editorias somam outras 2,2 milhões de curtidas.
O jornal também tem perfis atualizados diariamente no Twitter (6,2 milhões de seguidores), Instagram (727 mil) e LinkedIn (726 mil). Os leitores poderão continuar compartilhando conteúdo da Folha em suas páginas pessoais do Facebook.
Globo usou mesma estratégia
Em 2013, as Organizações Globo adotaram estratégia semelhante, proibindo a postagem de links de conteúdo de todos os seus veículos no Facebook. A medida contemplou a TV, o portal G1, as revistas da Editora Globo e os demais canais de comunicação do Globo.
No entanto, em 2014, o jornal O Globo voltou a publicar links em chamadas para suas matérias nos posts de sua fanpage no Facebook. O mesmo aconteceu nas páginas das revistas da Editora Globo, como Época e AutoEsporte.
Na oportunidade, os funcionários desses veículos receberam um comunicado interno, com novas regras para a utilização do Facebook. No texto, as Organizações Globo autorizaram a publicação de links de suas notícias, desde que as chamadas fossem curtas. Não foi permitido, porém, promover as publicações fazendo uso das ferramentas pagas oferecidas pelo Facebook.
Ciberia // Revista Fórum