Faltam poucos meses para os astrônomos apontarem os telescópios para Sagitarius A*, o buraco negro supermaciço no centro da Via Láctea. Isso porque a vida desse buraco negro será marcada pela passagem de uma estrela, que irá colocar em teste a Teoria da Relatividade de Einstein.
A estrela S0-2 faz parte de uma classe de estrelas conhecida como S-Stars que orbitam perto do buraco negro Sagitarius A*, e tem uma massa estimada em cerca de 4,3 milhões de sóis.
Mas esse não é o único aspecto que a torna tão especial. A S0-2 é uma das duas estrelas que se aproximam do buraco negro em sua órbita elíptica, o que significa que é provável que comprove (ou não) os efeitos da atração gravitacional do buraco negro, quando realiza uma volta completa a cada 16 anos.
Segundo a Teoria Geral da Relatividade, a luz será afetada por um forte campo gravitacional e “esticada” (redshift). A órbita, por sua vez, também mudará – quanto maior o redshift (desvio para o vermelho, no espectro da luz) maior a distância.
À medida que a S0-2 se move para a sua aproximação mais próxima – a 17 horas-luz do centro da galáxia – astrônomos da UCLA’s Galactic Center Group estarão atentos para verificar se essas mudanças realmente ocorrem – caso aconteçam, a Teoria da Relatividade será novamente comprovada.
Segundo o ScienceAlert, a medição do redshift poderá ser possível. No entanto, há uma complicação potencial: a S0-2 pode ser uma estrela binária, fato que iria complicar as medições.
De acordo com o estudo – no qual os cientistas realizaram a primeira análise espetroscópica na S0-2 como uma potencial estrela binária – é mais provável que a S0-2 seja uma única estrela, com cerca de 15 vezes a massa do Sol. Caso tenha uma companheira, é pequena demais para ter efeito na observação.
“Esta será a primeira medição desse tipo”, disse o coautor Tuan Do, vice-diretor do Galactic Center Group. “A gravidade é uma das forças menos testadas da natureza. A teoria de Einstein passou todos os outros testes até agora. Caso haja desvios, irá levantar muitas questões sobre a natureza da gravidade”, explicou.
Além disso, todo o conjunto de S-stars é peculiar. Essas estrelas são jovens em termos estelares, o que significa que, provavelmente, foram formadas no ambiente hostil de Sagistarius A*. Assim, permanece o mistério de como essas estrelas conseguiram se formar, o que pode significar que existe outro mecanismo de formação estelar que não conhecemos.
Desde 1992, os cientistas observam a S0-2, significando que sua órbita mais próxima já foi observada antes. Contudo, a observação serviu para constituir evidências sobre a existência de Sagitarius A*. No entanto, os instrumentos utilizados não eram suficientemente sensíveis para observar um redhift gravitacional no espectro na luz emitida pela estrela.
“Estamos à espera deste momento há 16 anos!“, disse Devin Chu, autor principal do artigo. “Estamos muito ansiosos para ver o compartimento de S0-2: será que vai seguir a teoria de Einstein ou desafiar as leis da física atual?”, questionou.
O fenômeno irá acontecer em meados de 2018. Até lá, o artigo com os detalhes das análises da estrela S0-2 pode ser encontrado no Astrophysical Journal.
Ciberia // ZAP